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Carlos Costa alerta para passagem de custos de investimentos para gerações futuras
O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, alertou hoje para a transferência de custos de investimentos "que deviam ser suportados pelas gerações presentes" para as gerações futuras, numa conferência sobre financiamento sustentável na Fundação Gulbenkian.
"Estamos a fazer transferir para as gerações futuras custos que deviam ser suportados pelas gerações presentes", disse Carlos Costa sobre a sustentabilidade de investimentos atuais, durante a sessão de abertura da conferência "Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica 2050 - O papel do financiamento sustentável", em Lisboa, acrescentando que "o sistema financeiro pode exercer um papel disciplinador, ao exigir um retorno".
O governador considerou que a questão da sustentabilidade financeira "é uma tarefa dividida entre a área política" e os "supervisores e reguladores" e apelou para "que não se peça ao sistema financeiro aquilo que não pode fazer" neste campo.
"Não há desenvolvimento sustentado sem uma política social, ambiental e de governo que também seja sustentável", asseverou Carlos Costa, reconhecendo que esse caminho evolutivo "pode demorar muitos anos, mas alguém pode pagar depois".
Já sobre a interligação entre a sustentabilidade ambiental e financeira, Carlos Costa afirmou que "só é possível estabelecer ponte entre os dois se a política regulatória e a política em geral espelhar os balanços e as externalidades" ambientais, sociais e de governo.
"O envolvimento do Banco de Portugal e do sistema financeiro tem de ser entendido como simultaneamente interessado e comprometido", garantiu Carlos Costa, reforçando a ideia de que "a insustentabilidade (...) será paga pelas gerações futuras".
A intervenção do governador do BdP antecedeu a assinatura da Carta de Compromisso para o Financiamento Sustentável em Portugal por parte de representantes do Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado (AEM), Associação Portuguesa de Bancos (APB), Associação Portuguesa de Seguradores (APS), Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) e Bolsa de Lisboa (Euronext Lisbon).
O documento foi assinado também por administradores do BPI, Banco Montepio, Barclays, Novo Banco e Santander Totta, bem como pelos presidentes executivos da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, do BCP, Miguel Maya, do Crédito Agrícola, Licínio Pina, e da Instituição Financeira de Desenvolvimento (também conhecida como banco de fomento), Henrique Cruz.
Pela parte do Governo, assinaram a carta o secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, e o ministro do Ambiente e Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes.