A crise financeira vai limitar a capacidade de investimento do BERD no momento em que vários países da Europa Central estão confrontados com problemas de financiamento, indicou hoje o seu presidente Thomas Mirow.

"Não ficaria muito surpreendido de constatar no final de 2008 uma redução da ordem dos 2 mil milhões (de euros) no nosso balanço", declarou o presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD) numa audição no Parlamento Europeu.

Mesmo que não implique uma redução "da capacidade de emprestar" do BERD, que deverá ser de cerca de 6 mil milhões de euros em 2009 e 2010, "2008 deverá ser o primeiro ano desde 1998 em que não apresentaremos um lucro operacional", admitiu.

Esta contracção da capacidade de investimento da instituição coincide com um período de turbulências para a Europa Central.

"A recessão está certa em alguns países" da região e "o impacto da crise será longo", sublinhou Mirow, revelando que "o mercado bancário para os investimentos na Europa de Leste está praticamente fechado".

"Os Estados e as instituições como o BERD na medida em que dispõem de meios financeiros podem desempenhar um papel contra-cíclico forte", frisou. "Mas o BERD não é um fornecedor de créditos. Não somos o Fundo Monetário Internacional, não somos o Banco Central Europeu", advertiu.

Assim, o plano de apoio de 20 mil milhões de euros concedido à Hungria pelo FMI, a União Europeia e o Banco Mundial representa "três vezes o nosso volume de actividade", precisou.

"Se tentarmos intervir com meios que são importantes para nós, mas que são fracos em relação às necessidades, arriscamos hipotecar os nossos esforços a médio e longo prazo", advertiu.

O BERD, com sede em Londres, foi criado em 1991 para facilitar a transição do antigo bloco de Leste para a economia capitalista.

Em 2007, obteve 1.900 milhões de euros de lucros e investiu 5.600 milhões de euros em 35 projectos.