Notícia
Cachapuz dá mais do que "peso" aos clientes de fora
Líder nos equipamentos de pesagem industrial, a empresa de Braga está a investir em soluções de "software" e automação para não discutir preço
Graça Coelho e Cândido Martins | Os dois portugueses lideram a empresa detida pela multinacional italiana Bilanciai.
Ainda foi a produzir equipamentos de pesagem industrial, o que começou a fazer em 1934, que a Cachapuz viu entrar na conta bancária perto de 75% dos 4,6 milhões de euros que facturou em 2011. Nos últimos anos, porém, a empresa de Braga passou de mero fabricante de um produto - em que a concorrência é cada vez mais feroz e guerreia pelo preço mais baixo - a fornecedor de soluções de "software" e automação, com elevada incorporação de tecnologia. Uma diferenciação que permitiu, inclusive, a internacionalização em mercados mais distantes e rentáveis do que aqueles para onde "apenas" exporta maquinaria, o que começou a fazer há mais de meio século.
A Cachapuz garante deter 60% da quota nacional de mercado na pesagem industrial, sendo que 85% das empresas portuguesas do sector estão em Braga. A actividade principal continua a ser a produção de equipamento e soluções de pesagem, que vende a clientes como a Cimpor, Secil, Mota-Engil, Teixeira Duarte, Porto de Leixões, RAR ou Sumol-Compal.
"Continuamos a vender em força pontes básculas e plataformas de pesagem para Angola, Tunísia, Costa do Marfim, Moçambique, Cabo Verde, Senegal, Guiné ou Congo", enumera a directora executiva, Graça Coelho. A venda é feita através de agentes ou indirectamente através dos clientes portugueses que deslocaram a actividade para África, aproveitando para "internacionalizar com elas".
Apesar de serem ainda a principal fonte de receitas da empresa, "quando se produz só equipamentos e há muita concorrência, passa-se a discutir preço e não qualidade", frisou a gestora. A inovação foi então eleita "prioridade estratégica" na Cachapuz, que hoje já factura um em cada quatro euros com soluções de "sofware" e automação que permitem "diferenciar a oferta e acrescentar valor".
A espinha dorsal dessa aposta é o departamento de Engenharia e Inovação, liderado por Cândido Martins, que desenvolve projectos em parceria com a Universidade do Minho. Este núcleo de investigação, onde trabalham 12 dos 56 empregados, absorve anualmente 5% do volume de negócios e é o principal "centro de competências" da multinacional italiana Bilanciai, que em 1997 adquiriu a totalidade do capital da Cachapuz.
A empresa tem uma rede de 19 parceiros em todo o mundo para representar estas soluções que dão margem. Uma delas, destinada às cimenteiras e "conhecida em todo o mundo", teve como embrião um projecto para a Cimpor que abriu as portas da internacionalização. A "SLV Ciments" permitiu à empresa ir além das vendas nos PALOP e no Magrebe, e chegar ao Oriente: a solução está já implementada em Espanha, Angola, Moçambique, África do Sul, Egipto e Índia.
Perguntas a Graça Coelho, Directora Executiva da Cachapuz
"Quem se preparou está a ter oportunidades muito interessantes na internacionalização"
Como está a correr o negócios neste ano difícil para as empresas?
Está a correr bem. Como antecipadamente a Cachapuz olhou para o negócio no mercado global, e não doméstico, a componente exportadora é cada vez mais importante. Quem se preparou para a internacionalização está a ter oportunidades muito interessantes. O que fazem, fazem bem.
Têm clientes em dificuldades?
Nomeadamente no cimento. Houve redução da facturação no mercado nacional pela contracção no investimento, mas continuamos a constatar oportunidades de negócio em Portugal e queremos aumentar a nossa quota de mercado. Tentamos segmentar o mercado e ter respostas específicas para todos os sectores de actividade.
Como por exemplo...
Temos soluções interessantes para a área do tomate, dos resíduos, que não estão internacionalizadas como a solução do cimento. A ideia é cada vez mais diferenciarmo-nos através de soluções que acrescentem valor. Colocar funcionalidades e oferecer "software" que rentabilize a actividade do cliente. Falamos todos em reestruturação de custos, em fazer mais com menos e estas são ferramentas que ajudam à rentabilidade das empresas.
Quanto investem anualmente em I&D?
À volta de 5% do nosso volume de negócios, que no ano passado foi de 4,6 milhões de euros. Temos um núcleo interno de investigação onde desenvolvemos projectos e estamos atentos às novas tendências de mercado. Para esses projectos aproveitamos ao máximo o conhecimento das instituições científicas parceiras, como a Universidade do Minho, e aplicámo-lo.
Ideias-chave
Uma "casa" com mais de três séculos de história em Braga que é hoje uma das "coqueluches" de um grupo multinacional
1. Referências desde 1694
A origem da Cachapuz remonta a 1694, dedicando-se à comercialização de ferragens, cutelarias, armas e balanças. A referência surge num artigo publicado em 1895 no Almanak de Braga, quando estava na Rua dos Chãos, no centro histórico da cidade.
2. Nasce uma indústria
É apenas em 1934 que a Cachapuz arranca com a actividade industrial, fabricando equipamentos para pesagem, como básculas e balanças. Foi também neste ano que a empresa produziu a primeira ponte-báscula. Esse pioneirismo foi sendo consolidado e vale ainda hoje a liderança nacional de mercado no sector da pesagem industrial.
3. Capital em mão italiana
Em 1997, a Cachapuz é comprada pelo grupo Bilanciai, que detém hoje a totalidade do capital da empresa bracarense, mas que mantém a gestão autónoma e em português. O grupo italiano está presente em 30 países, conta com 500 colaboradores e um volume de negócios de 75 milhões de euros.
4. I&D dá cartas no séc. XXI
Em parceria com a Universidade do Minho, foi criada em 1985 a Cachapuz Electrónica, que em 2002 deu origem ao Departamento de Engenharia e Inovação. É a empresa portuguesa que tem maior grau de competências dentro do grupo em termos de investigação.
Ainda foi a produzir equipamentos de pesagem industrial, o que começou a fazer em 1934, que a Cachapuz viu entrar na conta bancária perto de 75% dos 4,6 milhões de euros que facturou em 2011. Nos últimos anos, porém, a empresa de Braga passou de mero fabricante de um produto - em que a concorrência é cada vez mais feroz e guerreia pelo preço mais baixo - a fornecedor de soluções de "software" e automação, com elevada incorporação de tecnologia. Uma diferenciação que permitiu, inclusive, a internacionalização em mercados mais distantes e rentáveis do que aqueles para onde "apenas" exporta maquinaria, o que começou a fazer há mais de meio século.
"Continuamos a vender em força pontes básculas e plataformas de pesagem para Angola, Tunísia, Costa do Marfim, Moçambique, Cabo Verde, Senegal, Guiné ou Congo", enumera a directora executiva, Graça Coelho. A venda é feita através de agentes ou indirectamente através dos clientes portugueses que deslocaram a actividade para África, aproveitando para "internacionalizar com elas".
Apesar de serem ainda a principal fonte de receitas da empresa, "quando se produz só equipamentos e há muita concorrência, passa-se a discutir preço e não qualidade", frisou a gestora. A inovação foi então eleita "prioridade estratégica" na Cachapuz, que hoje já factura um em cada quatro euros com soluções de "sofware" e automação que permitem "diferenciar a oferta e acrescentar valor".
A espinha dorsal dessa aposta é o departamento de Engenharia e Inovação, liderado por Cândido Martins, que desenvolve projectos em parceria com a Universidade do Minho. Este núcleo de investigação, onde trabalham 12 dos 56 empregados, absorve anualmente 5% do volume de negócios e é o principal "centro de competências" da multinacional italiana Bilanciai, que em 1997 adquiriu a totalidade do capital da Cachapuz.
A empresa tem uma rede de 19 parceiros em todo o mundo para representar estas soluções que dão margem. Uma delas, destinada às cimenteiras e "conhecida em todo o mundo", teve como embrião um projecto para a Cimpor que abriu as portas da internacionalização. A "SLV Ciments" permitiu à empresa ir além das vendas nos PALOP e no Magrebe, e chegar ao Oriente: a solução está já implementada em Espanha, Angola, Moçambique, África do Sul, Egipto e Índia.
Perguntas a Graça Coelho, Directora Executiva da Cachapuz
"Quem se preparou está a ter oportunidades muito interessantes na internacionalização"
Como está a correr o negócios neste ano difícil para as empresas?
Está a correr bem. Como antecipadamente a Cachapuz olhou para o negócio no mercado global, e não doméstico, a componente exportadora é cada vez mais importante. Quem se preparou para a internacionalização está a ter oportunidades muito interessantes. O que fazem, fazem bem.
Têm clientes em dificuldades?
Nomeadamente no cimento. Houve redução da facturação no mercado nacional pela contracção no investimento, mas continuamos a constatar oportunidades de negócio em Portugal e queremos aumentar a nossa quota de mercado. Tentamos segmentar o mercado e ter respostas específicas para todos os sectores de actividade.
Como por exemplo...
Temos soluções interessantes para a área do tomate, dos resíduos, que não estão internacionalizadas como a solução do cimento. A ideia é cada vez mais diferenciarmo-nos através de soluções que acrescentem valor. Colocar funcionalidades e oferecer "software" que rentabilize a actividade do cliente. Falamos todos em reestruturação de custos, em fazer mais com menos e estas são ferramentas que ajudam à rentabilidade das empresas.
Quanto investem anualmente em I&D?
À volta de 5% do nosso volume de negócios, que no ano passado foi de 4,6 milhões de euros. Temos um núcleo interno de investigação onde desenvolvemos projectos e estamos atentos às novas tendências de mercado. Para esses projectos aproveitamos ao máximo o conhecimento das instituições científicas parceiras, como a Universidade do Minho, e aplicámo-lo.
Ideias-chave
Uma "casa" com mais de três séculos de história em Braga que é hoje uma das "coqueluches" de um grupo multinacional
1. Referências desde 1694
A origem da Cachapuz remonta a 1694, dedicando-se à comercialização de ferragens, cutelarias, armas e balanças. A referência surge num artigo publicado em 1895 no Almanak de Braga, quando estava na Rua dos Chãos, no centro histórico da cidade.
2. Nasce uma indústria
É apenas em 1934 que a Cachapuz arranca com a actividade industrial, fabricando equipamentos para pesagem, como básculas e balanças. Foi também neste ano que a empresa produziu a primeira ponte-báscula. Esse pioneirismo foi sendo consolidado e vale ainda hoje a liderança nacional de mercado no sector da pesagem industrial.
3. Capital em mão italiana
Em 1997, a Cachapuz é comprada pelo grupo Bilanciai, que detém hoje a totalidade do capital da empresa bracarense, mas que mantém a gestão autónoma e em português. O grupo italiano está presente em 30 países, conta com 500 colaboradores e um volume de negócios de 75 milhões de euros.
4. I&D dá cartas no séc. XXI
Em parceria com a Universidade do Minho, foi criada em 1985 a Cachapuz Electrónica, que em 2002 deu origem ao Departamento de Engenharia e Inovação. É a empresa portuguesa que tem maior grau de competências dentro do grupo em termos de investigação.