Notícia
Bruxelas vê inflação da Zona Euro em 6,1% em 2023 e nem em 2024 alinha com meta do BCE
Comissão Europeia espera recessão curta, com regresso ao crescimento na primavera. Para 2023, antecipa crescimento de 0,3% na Zona Euro.
A evolução nos custos da energia vai manter a inflação da Zona Euro ainda muito acima da meta do Banco Central Europeu para a estabilidade de preços ao longo do próximo ano, antecipa nesta sexta-feira a Comissão Europeia, com uma previsão de 6,1% (7% na UE).
A expetativa é também que a dissipação das pressões não seja ainda suficiente para colocar a inflação de 2024 dentro do alvo da política monetária. Deverá ficar em 2,6% (3% na UE).
O Pacote de Outono de Bruxelas revê também em alta a estimativa para este ano, em quase um ponto percentual, esperando uma média de inflação anual para o grupo do euro de 8,5% (9,3% na UE).
As previsões adiam agora o pico esperado da inflação para o final deste ano, com uma revisão em alta de quase dois pontos percentuais nas expetativas para 2023, depois de a inflação anual medida até outubro deste ano ter alcançando os 10,7% no espaço da moeda única.
A Comissão explica que as revisões, face às previsões de julho, refletem preços mais altos nos mercados de gás e eletricidade, a contaminar a generalidade dos bens do cabaz de preços.
A inflação subjacente, que exclui energia e bens alimentares não transformados e que será determinante para um abrandamento na normalização monetária seguida pelo BCE, só deverá começar a ceder no primeiro trimestre do próximo ano, antecipou o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, na apresentação das novas previsões.
Afundar e voltar à tona na primavera
A manutenção da trajetória de aceleração de preços por mais tempo, com a continuação da corrosão do poder de compra das famílias, levam a Comissão Europeia a esperar agora dois trimestres de contração no bloco até ao final do inverno, com entrada em recessão.
"Esperamos uma recessão técnica para a maioria dos Estados-membros", indicou o comissário.
Mas, apesar de uma forte deterioração das condições da atividade económica, Bruxelas ainda considera que, no seu conjunto, as economias do euro estarão em condições de voltar à tona a partir da próxima primavera.
O crescimento, contudo, será contido, avisou Gentiloni, com uma previsão de crescimento no PIB da Zona Euro em 0,3% para 2023 (igual na UE). Neste cenário, o motor alemão irá enfrentar uma quebra do PIB de 0,6%.
Para 2024, a expetativa de crescimento no euro é agora de 1,5%, com uma previsão de subida de 1,6% no PIB da União Europeia.
Contudo, a concretização destas previsões enfrenta nesta altura sobretudo riscos negativos, de a realidade ficar abaixo do que é agora esperado, assinalou Gentiloni.
O enfraquecimento das economias irá acabar por refletir-se nos mercados de trabalho, que têm mantido pujança até aqui, mas com impacto moderado. O resultado será a estagnação do emprego na UE a 27 em 2023, com a previsão de uma mínima subida de 0,1% na Zona Euro.
A recuperação da dinâmica de 2022 – com um crescimento de emprego esperado de 1,8% na UE e no espaço do euro – não surge no horizonte da Comissão Europeia. Para 2024, Bruxelas prevê um ganho de 0,5% na Zona Euro e de 0,4% na UE.
Já quanto a taxas de desemprego, a Comissão Europeia espera um agravamento maior no espaço da moeda única, de 6,8% para 7,2%, comprando as expetativas de 2022 e 2023.
No indicador da UE, a taxa de desemprego passa de 6,2% (2022) a 6,5% (2023).
O abrandamento da atividade, a subida de despesa com juros e as medidas de apoio a empresas e famílias devido ao disparo nos custos com a energia vão agravar cenários nas finanças públicas, que beneficiaram em 2022 dos efeito da saída da pandemia (e da inflação) no consumo.
O défice público da UE é colocado nos 3,6% do PIB em 2023, e alcança os 3,7% do PIB na Zona Euro.
A previsão do rácio de dívida pública comum para o próximo ano fica em 92,3% do PIB no euro, e em 84,9% do PIB no bloco de 27.