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Bruxelas quer aproveitar "janela de oportunidade única" para acordo com Mercosul

"Procuraremos concluir novos acordos comerciais com o Chile, México, Nova Zelândia e Austrália. Iremos progredir com a Índia e a Indonésia. E temos uma janela de oportunidade única de levar por diante o acordo UE-Mercosul", declarou Ursula Von der Leyen.

O plano de Bruxelas para a energia foi detalhado esta quarta-feira no Parlamento Europeu.
Yves Herman/Reuters
18 de Janeiro de 2023 às 10:26
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu esta quarta-feira, perante o Parlamento Europeu, que a União Europeia (UE) deve aproveitar a "janela de oportunidade única" para levar por diante o acordo comercial com o Mercosul.

Von der Leyen, que participava num debate no hemiciclo de Estrasburgo, França, focou a sua intervenção no plano da UE para a transição verde e resposta do bloco comunitário ao plano de subvenções dos Estados Unidos, o "plano industrial do pacto ecológico", cujas grandes linhas apresentara na véspera no Fórum Económico Mundial, em Davos.

Apontando que o plano tem quatro pilares, em relação ao último, "uma agenda comercial ambiciosa", a presidente do executivo comunitário argumentou que, "para atingir o objetivo de neutralidade carbónica à escala global graças às tecnologias limpas, haverá necessidade de cadeias de fornecimento fortes e resilientes".

"E isto está ligado ao comércio. Procuraremos concluir novos acordos comerciais com o Chile, México, Nova Zelândia e Austrália. Iremos progredir com a Índia e a Indonésia. E temos uma janela de oportunidade única de levar por diante o acordo UE-Mercosul", declarou então Von der Leyen.

O acordo comercial da UE com os países do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - foi acordado pelas partes em 2019, altura em que foram concluídas as negociações, mas a sua ratificação está paralisada por causa das reservas ambientais colocadas por diversos Estados-membros, liderados pela França.

De momento, a UE está a trabalhar numa declaração que especifica os compromissos ambientais, especialmente no caso do Brasil, que tem a ver com o combate à desflorestação da Amazónia, agravada durante o mandato do ex-Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e à garantia do cumprimento do Acordo do Clima de Paris.

O novo ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, Mauro Vieira, já se manifestou confiante na ratificação do acordo de comércio livre entre os dois blocos -- que abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população do mundo -, devido às garantias ambientais do novo Presidente, Lula da Silva, que se comprometeu a fazer da preservação da maior floresta tropical do mundo uma prioridade.

"Trata-se de um acordo muito importante. Vamos retomar os contactos, para saber em que pé estão as negociações", disse Mauro Vieira, no mês passado.

"Penso que o horizonte é mais favorável, devido à política ambiental já desvendada por Lula [da Silva]. Isto deverá ajudar a quebrar o impasse [nas negociações]. Primeiro vamos consultar os nossos parceiros do Mercosul, e depois vamos discutir com a União Europeia, que é um parceiro muito importante para o Brasil", acrescentou.

Portugal é um dos Estados-membros da UE que mais tem defendido a importância da ratificação do acordo UE-Mercosul, tendo recentemente o chefe de diplomacia, João Gomes Cravinho, manifestado a sua convicção de que tal poderá suceder em 2023.

"Indiquei que, na sua passagem por Portugal, o presidente Lula [da Silva] sublinhou o seu grande empenho em finalmente chegarmos a um acordo entre a União Europeia e o Mercosul e que isso representa para nós um estímulo muito importante para que a UE volte à mesa das negociações muito rapidamente com aquilo que falta, que é uma proposta para paralela, relacionada com sustentabilidade, relacionada com o combate à desflorestação e a preservação da Amazónia", assinalou o ministro português à margem de um Conselho de Negócios Estrangeiros na vertente de Comércio celebrado em novembro passado.
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