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Banco de Portugal prevê 2017 com maior crescimento do século

Depois de em Março ter revisto em alta a previsão de crescimento de 1,4% para 1,8%, o banco central aponta agora para 2,5%. Desde 2000, só em 2007 se cresceu tanto. Economia desacelera depois.

Miguel Baltazar
21 de Junho de 2017 às 13:00
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A economia portuguesa deverá crescer 2,5% este ano, um valor que nos últimos 17 anos só teve par em 2007. A economia desacelerará depois, mas crescerá ainda assim 2% em 2018 e 1,8% em 2019. Tratam-se de revisões significativas face aos valores apresentados há apenas três meses, que o banco central justifica com novas revisões em alta de vários agregados, com destaque para o investimento e as exportações.

 

"A actividade económica em Portugal deverá crescer ao longo do horizonte de projecção a um ritmo superior ao da área do euro e ao registado desde o início da recuperação económica. (…) Em 2019, o nível do PIB português deverá superar o observado antes da crise financeira internacional", lê-se numa nota divulgada à imprensa pelo banco central, que considera que "o padrão de crescimento económico projectado é consistente com uma recuperação sustentada da economia portuguesa".

O Banco de Portugal passa assim a ser a instituição pública mais optimista quanto à evolução da economia nacional este ano: o Governo apontou para 1,8% no Programa de Estabilidade, em linha com a Comissão Europeia (1,8%) e o FMI (1,7%), e a OCDE prevê 2,1%. Há, no entanto, previsões de outras instituições privadas que estão alinhadas com os números do banco central: a universidade Católica aponta para 2,4%,  o Montepio para 2,5% e o Santander para 2,6%, por exemplo.

 

O maior dinamismo da economia traduzir-se-á numa melhoria do mercado de trabalho, com o número de empregos a aumentar 2,4% este ano e 1,3% em 2018 e 2019, o que compara com as previsões anteriores de 1,6% em 2017, e cerca de 1% nos anos seguintes. 

 

O banco central estima por isso uma queda da taxa de desemprego 11,1% em 2016 para de 9,4% este ano, e até 7% em 2019 o que, a concretizar-se, será o melhor valor desde 2002.

 

Investimento e exportações disparam

 

A revisão em alta do crescimento é suportada por acelerações significativas do investimento e exportações e ambas resultam, em boa parte, de um maior dinamismo da actividade empresarial, revela o banco central.

"Depois de ter virtualmente estabilizado em 2016, a formação bruta de capital fixo (FBCF) deverá crescer 8,8% em 2017 e ligeiramente acima de 5% nos dois anos seguintes. A FBCF empresarial deverá crescer acima de 6% ao longo do horizonte de projecção, atingindo, em 2019, um peso no PIB próximo do registado antes da crise financeira internacional", escreve o banco central. Ainda assim, em 2019, o investimento estará um terço abaixo do valor de 2000.

O investimento público também crescerá significativamente este ano após a forte queda de 2016, devendo registar crescimentos moderados nos anos seguintes. Enquanto na habitação se verificará um crescimento de 9% este ano, mas moderado nos anos seguintes.

 

As exportações também disparam para um crescimento de 9,6% este ano, suportadas pelo turismo e mercadorias, desacelerando para aumentos de 6,8% e 4,8% nos dois anos seguintes – também acima das previsões anteriores. A explicar o desempenho estão ganhos de quota de mercado pelas empresas nacionais e o forte dinamismo do turismo, justifica o banco central.

 

"Antecipa-se uma forte aceleração das exportações de bens e serviços em 2017 e um crescimento robusto nos dois anos seguintes, com ganhos adicionais de quota de mercado" lê-se na mesma nota do banco central. 

As importações também foram revistas em alta, mas não o suficiente para prejudicar o saldo externo. Nas contas do Banco de Portugal, o saldo externo está agora sempre acima de 2% do PIB e atingindo os 2,4% em 2019, um desenvolvimento considerado essencial para uma economia com um elevado stock de endividamento externo. 

 

Finalmente, apesara da melhoria do mercado de trabalho, o consumo privado continuará com crescimentos moderados – 2,3% em 2017, e 1,7% nos anos seguintes - reflectindo o ainda elevado endividamento das famílias e um aumento moderado dos salários, num contexto de baixo crescimento de produtividade, espera o banco central. O nível de consumo das famílias só voltará aos níveis de 2008 em 2018.

 

Face aos bons resultados, o banco central lembra que Portugal enfrenta "importantes constrangimentos" da economia, nomeadamente os elevados endividamentos publico privado, pouco capital nas empresas e elevado desemprego de longa duração. Riscos que são adensados pela possibilidade do programa de estímulos do BCE ser reduzido em 2018.

 

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