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Caldeira Cabral: “Não é altura para apertar a política monetária”

O ministro da Economia, em entrevista à Bloomberg TV, assinalou ainda que o crescimento económico em Portugal é “equilibrado”, existindo “uma base sólida para continuarmos a crescer”.

Miguel Baltazar / Negócios
21 de Junho de 2017 às 16:14
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O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, deu uma entrevista à Bloomberg TV onde defende que a inflação não está num nível que permita uma alteração na política monetária por parte do Banco Central Europeu (BCE). "Acho que iria afectar a economia portuguesa como afectaria todas as outras economias europeias. O que não estamos a ver é sinais de um aumento da inflação que justifique um aperto da política monetária. O que estamos a ver é que o desemprego na Europa é elevado em vários países. Acho que não é a altura para apertar a política monetária", respondeu quando questionado sobre de que forma o aperto da política monetária iria afectar a economia nacional.

O governante português prosseguiu salientando que "não é altura para fazer uma forte expansão da política orçamental em Portugal".


Na entrevista, o crescimento económico do país esteve também em cima da mesa. Caldeira Cabral assumiu que os dois motores do crescimento são o investimento e as exportações. Sendo que a expansão das exportações ocorrem em vários sectores, desde o automóvel, passado pelos produtos alimentares, software e turismo, que está "a ter um momento muito bom".


"O que está a acontecer é um crescimento equilibrado. A procura interna está a crescer. O consumo [avança] mas [cresce] mais o investimento, o que nos dá uma base sólida para continuarmos a crescer. A procura externa está a ter um bom momento e mostra que a economia é competitiva depois do processo de ajustamento pelo qual passámos", salientou.

Ainda esta quarta-feira, 21 de Junho, o Banco de Portugal reviu em alta as suas estimativas para a evolução da economia portuguesa. A economia portuguesa deverá crescer 2,5% este ano, um valor que nos últimos 17 anos só teve par em 2007. A economia desacelerará depois, mas crescerá ainda assim 2% em 2018 e 1,8% em 2019. A revisão em alta do crescimento é suportada por acelerações significativas do investimento e exportações e ambas resultam, em boa parte, de um maior dinamismo da actividade empresarial, revela o banco central.

Caldeira Cabral, em entrevista à Bloomberg TV, reiterou que a economia nacional é competitiva em vários sectores "que vão desde a alta tecnologia aos sectores tradicionais, que estão também a recuperar, e sectores de novas tecnologias, que estão a ter um boom em Portugal com o Web Summit e com o entusiasmo que as start-ups começaram a ter há dez anos".

Quando questionado sobre o que é que no passado recente travou o consumo em Portugal, o governante não teve dúvidas em apontar o dedo à falta de confiança. "O programa de austeridade, tanto em Portugal como na Europa, levou os consumidores a terem menos confiança e a consumirem menos. Mas o que tivemos no último ano foi uma melhoria na confiança dos consumidores, acompanhado por um aumento moderado do consumo".


Caldeira Cabral referiu ainda a importância do investimento estar a crescer mais do que o consumo. "Estamos felizes por ver que o consumo está a crescer, mas menos que o investimento. E especialmente a crescer muito menos que as exportações, o que significa que conseguimos acelerar a economia enquanto temos um orçamento mais equilibrado".

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