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António Saraiva: “Não podemos reconhecer este OE como amigo das empresas”
"Este não é um Orçamento que possamos reconhecer como amigo das empresas ", sublinha o presidente da CIP, que considera o aumento da derrama estadual para empresas com lucros superiores a 35 milhões de euros um sinal contraditório para atrair investimento.
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal critica o Governo e os partidos de esquerda pelas medidas destinadas às empresas que inscreveram no Orçamento do Estado (OE) para 2018. "Este não é um Orçamento que possamos reconhecer como amigo das empresas e promotor do investimento", afirma António Saraiva na Conversa Capital desta semana, uma parceria do Negócios com a Antena 1.
O líder da confederação patronal considera que as medidas adoptadas para as empresas tornam a proposta orçamental decepcionante. Além de lamentar que o OE tenha plasmadas apenas duas medidas "pequeníssimas" do Programa Capitalizar – de apoio à capitalização das empresas e à retoma do investimento –, crítica o que considera serem sinais contraditórios, referindo o aumento da derrama estadual em dois pontos percentuais, para as firmas cujos lucros ultrapassem 35 milhões de euros.
"Passar de 7% para 9% vai fazer com que a taxa máxima de IRC em Portugal passe a ser 31,5%, quando a média europeia é de 21,9%. Isso afasta-nos ainda mais da média europeia, afasta o investimento e, por isso, era uma medida que não gostávamos de ver incluída no Orçamento para 2018", sublinha o presidente da CIP.
Segundo os cálculos da confederação, o aumento da derrama estadual irá incidir apenas sobre 76 empresas. António Saraiva admite que o número é pequeno, o que o faz inferir que "a receita que se espera arrecadar dessa medida será reduzida". Por isso, em sua opinião, o que está em causa é "arrecadar receita por algum tique ideológico", fazendo referência ao facto de a medida ter sido defendida pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda.
António Saraiva admite ainda que "o Orçamento de 2018 cria expectativas às famílias" com as mudanças introduzidas em sede de IRS, mas considera também que, por força do aumento dos impostos indirectos, "o Governo dá com uma mão, o que tira com a outra".