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António Costa: "Temos de falar com Trump assim que possível"

O novo presidente do Conselho Europeu foi o convidado desta semana do "Lunch with the FT", do jornal Financial Times. O recém (re)eleito Presidente dos EUA esteve no centro da conversa, com António Costa a mostrar mais uma vez o seu otimismo ao argumentar que Trump não quer uma guerra comercial com a Europa.

Reuters
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Foi de "blazer escuro e gravata 'herringbone' cor-de-rosa" que António Costa se apresentou para almoçar com o jornalista Henry Foy do Financial Times, para conhecida rubrica "Lunch with the FT". O novo Presidente dos Estados Unidos esteve no centro da conversa, com o antigo primeiro-ministro português - agora presidente do Conselho Europeu - a defender que o diálogo com o republicano é urgente.

"Temos  de falar com ele assim que possível", afirmou, numa entrevista oito dias após a eleição. "A Europa já tem experiência a viver com Trump. Talvez agora ele esteja mais radical, mais assertivo. Temos de estar preparados para isso... [temos] de encontrar um ponto de confiança para gerir as nossas diferenças. Se não fizermos isto, será um problema para o mundo todo. Não só para nós ou para ele", disse, falando já em nome da Europa.

Num pequeno restaurante italiano em Bruxelas, que Costa frequenta há mais de 20 anos, o socialista manifestou ceticismo quanto à capacidade de Trump acabar com o conflito na Ucrânia. "Estou muito curioso para saber como é que Trump diz que com duas chamadas consegue acabar com a guerra em 24 horas. Eu também quero acabar com a guerra de forma justa, mas quero garantir uma paz duradoura, não apenas com a duração do nosso almoço", comenta.

As tarifas que Trump quer impor aos produtos europeus e o envolvimento dos EUA com a NATO também foram tema forte. O novo Presidente norte-americano ameaçou não defender os aliados da Europa caso estes não aumentem a sua contribuição para a NATO. "Não é do interesse dos EUA criar demasiados problemas económicos para a Europa, porque nesse caso vai ser mais difícil pagarmos a nossa própria defesa", argumenta.

"Julgo que o ouvi dizer que não quer envolver os EUA em novas guerras. Por isso, por que é que ele quereria uma guerra comercial com a Europa?", atira.

Costa admite situação "muito difícil", mas mantém otimismo 

Entre garfadas de orecchiette com molho de tomate e guanciale, Costa fala ainda do difícil momento que a Europa atravessa, com a extrema-direita em ascensão e os principais líderes - como Scholz e Macron - enfraquecidos.

"Normalmente a Europa funciona melhor em tempos de crise", responde o "otimista irritante". Ultrapassar estes problemas será "muito, muito difícil", mas "as pessoas estão mais recetivas e realistas em relação à dimensão dos problemas".

Os problemas de Macron e Scholz são "a democracia a funcionar" - uma resposta que dava frequentemente no plano nacional - e nem os líderes mais extremistas o assustam. Giorgia Meloni tem tido uma postura "construtiva" e mesmo com Viktor Orbán há bom "rapport". "Como colega, Orbán tem sempre uma boa relação pessoal com os outros. Mesmo quando temos pontos de vista radicalmente diferentes", remata.

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