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AIP diz défice do Estado está a ser suportado pelas empresas

O «Inquérito à Actividade Empresarial 2005» da Associação Industrial Portuguesa (AIP) revela um conjunto de aspectos «preocupantes» que não permite «acalentar grandes optimismos», revelou hoje o presidente da instituição Jorge Rocha de Matos sublinhando o

22 de Julho de 2005 às 13:43
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O «Inquérito à Actividade Empresarial 2005» da Associação Industrial Portuguesa (AIP) revela um conjunto de aspectos «preocupantes» que não permite «acalentar grandes optimismos», revelou hoje o presidente da instituição Jorge Rocha de Matos sublinhando o facto dos empresários estarem a suportar o défice orçamental com prazos dilatados de pagamentos de dívidas por parte do Estado.

Segundo o mesmo responsável «há claramente uma deterioração das expectativas dos empresários este ano face ao inquérito do ano passado» apesar das empresas referirem uma melhoria no seu volume de negócios em 2004 face a 2003 e de fazerem uma avaliação positiva da sua situação financeira actual, com 51% das mesmas a considerarem a situação «normal» e 27% como «boa ou muito boa».

No entanto, em comparação com os resultados do inquérito de 2004 há mais pessimismo com o saldo das respostas extremas a passar de mais 11 pontos percentuais para cinco pontos percentuais em 2005.

As perspectivas das empresas relativamente à procura para 2005 também são mais baixas, sendo a diferença (no mercado nacional) entre as empresas que prevêem para 2005, em relação ao ano anterior, uma procura «superior ou muito superior» e uma procura «inferior ou muito inferior» negativa em dez pontos percentuais (mais oito pontos percentuais em 2004).

A avaliação da conjuntura económica é avaliada como «má ou muito má» por 90% das empresas (mais 11 pontos percentuais do que em 2004). Em termos de evolução futura da conjuntura, este ano cerca de dois terços das empresas (mais 29 pontos percentuais do que em 2004) perspectivam uma conjuntura «pior ou muito pior».

Atrasos de pagamentos do Estado «não podem continuar»

A AIP sublinhou, relativamente ao novo ponto introduzido que diz respeito ao atraso nos pagamentos, que os mesmos por parte do Estado e das Autarquias são preocupantes. «Está bem claro que o Estado e as Autarquias se servem do empresas para financiarem os seus défices, os prazos destes são inaceitáveis», sublinhou Jaime Lacerda, vice-presidente da AIP acrescentando que «isto não pode continuar».

No caso dos clientes privados nacionais, o prazo de pagamento mais referido pelas empresas é de «60 a 90 dias» (33%) seguido pelo prazo de «30 a 60 dias» (29%). Nos clientes estrangeiros estas duas classes de prazos de pagamento também predominam, mas neste caso o prazo mais referido é o de «30 a 60 dias» (38%).

Nos clientes Estado e Autarquias o prazo de pagamento mais referido é o de «mais de 120 dias», com respectivamente 35% e 35% das empresas a referirem este prazo.

O presidente da AIP explicou que estes atrasos nos pagamentos «criam, dificuldades às empresas que as inibe de encetarem processos de redimensionamento que são importantes para competir». «Sempre defendemos que é um dever de qualquer cidadão e empresa cumprir as obrigações fiscais do mesmo modo temos que exigir que o Estado pague dentro dos prazos contratuais», acrescentou sublinhando que «o défice não pode ser suportado pelo Estado».

O presidente da AIP reiterou que uma situação de demissão (como aconteceu com Campos e Cunha) «não é desejável» mas aconteceu e o primeiro-ministro reagiu rapidamente e escolheu alguém com experiência governativa, com provas dadas».

TGV não é necessário

O que se tem que fazer daqui para a frente é «reorganizar o Estado e reduzir drasticamente a despesa de Portugal», acrescentou Jorge Rocha de Matos sublinhando que o TGV, nesta fase de má conjuntura económica que vive o país «não é necessário».

Quando questionado sobre se os novos planos de investimento devem avançar, o mesmo responsável explicou que «o grande desafio do Governo é que dê condições a que estes projectos sejam avaliados pela iniciativa privada e depois, que lhes crie condições».

Relativamente ao aeroporto da Ota, o presidente salientou que a iniciativa privada já respondeu «positivamente, agora é preciso que o Estado crie condições».

O responsável sublinhou ainda a necessidade de um pacto entre os partidos políticos para o futuro.

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