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A humildade é uma ilusão ou um erro de análise? As opiniões dividem-se

A diversidade é a nota dominante nas análises feitas ao novo posicionamento do primeiro-ministro, pelos especialistas em comunicação política e em estratégias de marketing eleitoral. Há os que concordam, os que consideram que a "nova personalidade" de Sócrates não cola e os que se limitam a dizer que se trata de uma correcção dos erros cometidos durante a campanha do PS nas europeias.

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A diversidade é a nota dominante nas análises feitas ao novo posicionamento do primeiro-ministro, pelos especialistas em comunicação política e em estratégias de marketing eleitoral. Há os que concordam, os que consideram que a "nova personalidade" de Sócrates não cola e os que se limitam a dizer que se trata de uma correcção dos erros cometidos durante a campanha do PS nas europeias.

Com as legislativas à porta "les jeux sont faites" (os dados estão lançados) diz uma fonte contactada pelo Negócios, salientando que esta é uma expressão que o primeiro-ministro gosta de usar. "As próximas eleições terão pouca contribuição do marketing, será uma espécie de questão de fé e Sócrates vai tentar posicionar-se como o único que se pode interpor entre os portugueses e a crise", acrescenta.

Salvador da Cunha, dono da Lift, figura na galeria dos cépticos no que respeita à mudança de atitude do primeiro-ministro. O especialista em consultoria de comunicação não acredita que os portugueses fiquem convencidos com a eventual renovação da imagem do primeiro-ministro. "É uma ilusão total. Esta questão da humildade é imposta pelos 'spin doctors' e as pessoas não vão acreditar nisso, porque percebem que é uma atitude construída para as eleições", refere.

"O que ele está a iniciar não é um processo de redesenho da sua imagem como primeiro-ministro, mas um processo de demonstração de que ele está presente neste momento difícil dos portugueses", contrapõe um especialista em comunicação política que prefere o anonimato.

Já outro responsável de uma consultora de comunicação, que também pediu para não ser identificado, dá ênfase a um paradoxo na atitude de Sócrates. Quando o primeiro-ministro referiu sentir-se muito bem consigo próprio, cometeu um acto suicida. "Há uma tentativa de transmitir uma postura delicodoce, mas por outro lado acaba por dar grande relevância ao ego", considera. E acrescenta que "isso vai dar noção às pessoas que existem dois Sócrates, e que aquilo é só imagem e espuma".

Mas admita-se que avaliação que está a ser feita, na opinião publicada, ao posicionamento de Sócrates, até pode ser a errada. João Tocha, director-geral da First Five Consulting, é o primeiro a alimentar essa convicção. "Está a cometer-se um erro de análise ao querer transformar-se as posições públicas do primeiro-ministro como uma questão táctica", observa. Em relação ao papel agora assumido pelo primeiro-ministro, Tocha encara-o com naturalidade. "A sua postura mais distendida é semelhante à de um atleta de alta competição a seguir a um grande combate ou a uma grande prova".



Cunha Vaz, por outro lado, considera tratar-se tão só da correcção dos erros cometidos na estratégia de comunicação da campanha para as eleições europeias. O dono da Cunha Vaz & Associados refere ainda uma inflexão da postura da comunicação social: "os media estavam colados à estratégia do Governo e, com este revés, estão menos condescendentes essa mesma estratégias".


Já Rui Calafate, especialista em comunicação, deixa uma dúvida no ar: "não sabemos se os portugueses estão preparados para o animal manso, mas sabemos que estão descontentes com o animal feroz".

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