Notícia
A palavra de ordem é "anular todos os efeitos que pressionam preços", diz Centeno
Segundo o governador do Banco de Portugal há sinais de que se podem vir a atenuar as pressões inflacionistas, sobretudo nas matérias-primas e nos bens energéticos, uma vez que os preços destes bens estão mais baixos do que há um ano.
20 de Março de 2023 às 20:48
O governador do Banco de Portugal disse esta segunda-feira que a palavra de ordem atual é anular todos os efeitos que possam pressionar os preços, referindo-se também a salários de trabalhadores e lucros das empresas.
"Hoje a palavra de ordem para toda a economia é mitigar, anular todos os efeitos que possam pressionar os preços", disse Mário Centeno numa intervenção no almoço promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), num hotel em Lisboa.
Segundo Centeno, atualmente há sinais de que se podem vir a atenuar as pressões inflacionistas, sobretudo nas matérias-primas e nos bens energéticos, uma vez que os preços da generalidade destes bens estão mais baixos do que há um ano.
Contudo, há outros fatores que ainda pesam sobre a inflação, salários e margens de lucro das empresas.
Centeno disse que, no imediato, o aumento de salários ou das margens de lucro pode parecer que tem vantagens (para trabalhadores e para acionistas, respetivamente) mas que a médio prazo pioram a situação, pois provocam inflação e implicam que os bancos centrais tomem medidas para as combater (através da subida das taxas de juro).
"O aumento de um ponto percentual, seja salários seja em margens de lucro, coloca uma pressão sobre a inflação que, por sua vez, coloca pressão sobre as decisões dos bancos centrais. No curto prazo parece que estamos todos a ganhar -- nós [banco central] fazemos a nossa parte porque aumentamos a taxa de juro, empresas e trabalhadores ganham mais um ponto percentual de margens ou salários - mas a verdade é que no médio prazo vamos perder todos", considerou.
Para Centeno, este comportamento "quase míope" da economia, de "falta de coordenação aparente", deve ser combatido, pelo que "a palavra de ordem para toda a economia é mitigar, anular todos os efeitos que possam pressionar os preços".
Centeno disse que os bancos centrais "gostam muito de falar de salários e que é necessário de haver contenção na transmissão da inflação aos salários", considerando que "estão certos" porque é necessário evitar espirais inflacionistas pela via dos custos.
Contudo, lembrou que "as decisões que as empresas tomam sobre a margem de lucro têm o mesmo efeito" sobre os preços, pelo que se devem colocar as duas dimensões ao mesmo nível.
Sobre as taxas de juro, Centeno disse que "subiram demasiado rápido" do que aconteceria num cenário normal, mas que o BCE foi "obrigado a fazê-lo" pelo efeito externo do surto inflacionista e que, mesmo assim, as taxas de juro em termos reais continuam muito negativas, apesar do impacto negativo da subida dos juros para quem tem dívida (sobretudo crédito bancário).
Esta foi a primeira vez que o governador do Banco de Portugal falou desde a recente crise bancária, tendo dito que os últimos desenvolvimentos na banca europeia dão confiança, mas que o banco central continuará atento aos desenvolvimentos e aos riscos que se colocam aos bancos e a Portugal.
Depois de intensas negociações durante o fim de semana, o suíço UBS concordou, no domingo, comprar o seu rival Credit Suisse por um valor baixo, com garantias substanciais do Governo em Berna e de liquidez do banco central do país (BNS).
Nos Estados Unidos, faliu o Silicon Valley Bank, tendo as autoridades garantido todos os depósitos com medo de que outros bancos de dimensão considerável pudessem ser postos em causa.
Na semana passada, o conselho de supervisão do BCE teve duas reuniões de emergência. Hoje, a presidente do BCE disse que existe estabilidade financeira suficiente para enfrentar "tensões" causadas pelo colapso bancário nos Estados Unidos e pela queda em bolsa do Credit Suisse.
"Hoje a palavra de ordem para toda a economia é mitigar, anular todos os efeitos que possam pressionar os preços", disse Mário Centeno numa intervenção no almoço promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), num hotel em Lisboa.
Contudo, há outros fatores que ainda pesam sobre a inflação, salários e margens de lucro das empresas.
Centeno disse que, no imediato, o aumento de salários ou das margens de lucro pode parecer que tem vantagens (para trabalhadores e para acionistas, respetivamente) mas que a médio prazo pioram a situação, pois provocam inflação e implicam que os bancos centrais tomem medidas para as combater (através da subida das taxas de juro).
"O aumento de um ponto percentual, seja salários seja em margens de lucro, coloca uma pressão sobre a inflação que, por sua vez, coloca pressão sobre as decisões dos bancos centrais. No curto prazo parece que estamos todos a ganhar -- nós [banco central] fazemos a nossa parte porque aumentamos a taxa de juro, empresas e trabalhadores ganham mais um ponto percentual de margens ou salários - mas a verdade é que no médio prazo vamos perder todos", considerou.
Para Centeno, este comportamento "quase míope" da economia, de "falta de coordenação aparente", deve ser combatido, pelo que "a palavra de ordem para toda a economia é mitigar, anular todos os efeitos que possam pressionar os preços".
Centeno disse que os bancos centrais "gostam muito de falar de salários e que é necessário de haver contenção na transmissão da inflação aos salários", considerando que "estão certos" porque é necessário evitar espirais inflacionistas pela via dos custos.
Contudo, lembrou que "as decisões que as empresas tomam sobre a margem de lucro têm o mesmo efeito" sobre os preços, pelo que se devem colocar as duas dimensões ao mesmo nível.
Sobre as taxas de juro, Centeno disse que "subiram demasiado rápido" do que aconteceria num cenário normal, mas que o BCE foi "obrigado a fazê-lo" pelo efeito externo do surto inflacionista e que, mesmo assim, as taxas de juro em termos reais continuam muito negativas, apesar do impacto negativo da subida dos juros para quem tem dívida (sobretudo crédito bancário).
Esta foi a primeira vez que o governador do Banco de Portugal falou desde a recente crise bancária, tendo dito que os últimos desenvolvimentos na banca europeia dão confiança, mas que o banco central continuará atento aos desenvolvimentos e aos riscos que se colocam aos bancos e a Portugal.
Depois de intensas negociações durante o fim de semana, o suíço UBS concordou, no domingo, comprar o seu rival Credit Suisse por um valor baixo, com garantias substanciais do Governo em Berna e de liquidez do banco central do país (BNS).
Nos Estados Unidos, faliu o Silicon Valley Bank, tendo as autoridades garantido todos os depósitos com medo de que outros bancos de dimensão considerável pudessem ser postos em causa.
Na semana passada, o conselho de supervisão do BCE teve duas reuniões de emergência. Hoje, a presidente do BCE disse que existe estabilidade financeira suficiente para enfrentar "tensões" causadas pelo colapso bancário nos Estados Unidos e pela queda em bolsa do Credit Suisse.