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Paris não reduz dívida mas dá tempo aos países mais pobres

A cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, da iniciativa de Emmanuel Macron, termina esta sexta-feira longe da reforma do sistema financeiro multilateral. Num primeiro passo, o Banco Mundial põe em pausa as dívidas de países afetados por catástrofes naturais.
Maria Caetano, Leonor Mateus Ferreira e Hugo Neutel 24 de Junho de 2023 às 17:00

A ofensiva diplomática do Presidente francês, Emmanuel Macron, junto do chamado Sul Global poderá não trazer "um choque de financiamento público" ou uma reforma da ordem internacional firmada há 80 anos no pós-Segunda Guerra Mundial, mas a cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, que esta sexta-feira termina em Paris, trará pelo menos algum alívio temporário aos países mais endividados e mais vulneráveis às alterações climáticas.

O Banco Mundial (BM) anunciou ontem a revisão de parte dos seus instrumentos de financiamento com a introdução de uma nova cláusula que permitirá que os países afetados por catástrofes naturais suspendam o pagamento de dívida. A medida será adotada, primeiro, no financiamento dos países considerados mais vulneráveis, com a instituição a prometer expandir mais tarde a cobertura da nova cláusula.

O anúncio foi feito pelo novo presidente do banco internacional de desenvolvimento, Ajay Banga, na cimeira da iniciativa francesa, com colaboração dos Barbados, que reúne mais de 40 líderes mundiais e assume a ambição de dar passos para a reforma do sistema financeiro multilateral num momento em que mais de três dezenas dos países mais pobres do mundo se encontram em apuros para suportarem os serviços de dívida.

No final de maio, o Fundo Monetário Internacional (FMI) contabilizava 11 países em situação de não conseguirem cumprir as obrigações financeiras e 25 em risco elevado de não o conseguirem vir a fazer. Gana e Zâmbia entraram em incumprimento, com a cimeira de Paris a oferecer ontem, até à hora de fecho desta edição, a possibilidade de um acordo dos credores internacionais para a reestruturação da dívida da Zâmbia.

Pela União Europeia, para já, o compromisso assenta sobretudo em promessas de assistência técnica, num momento em que os 27 são chamados a chegar a acordo quanto a um novo Orçamento e um pacote de 50 mil milhões de euros para apoio à Ucrânia.

Na cimeira, Ursula von der Leyen prometeu partilhar know-how europeu na emissão de dívida verde e na criação de mercados de emissões de dióxido de carbono. "Apenas 4% das emissões mundiais cobertas (pelo mecanismo de licenças) garantiram 55 mil milhões de dólares em 2022", lembrou. A presidente da Comissão Europeia anunciou também mil milhões de euros do Banco Europeu de Investimento para alavancar até 20 mil milhões de euros de financiamento privado para os países em desenvolvimento.

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