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França e Itália apoiam discurso de Draghi. Alemanha desvaloriza

O discurso foi feito na sexta-feira, dia 22, mas os efeitos ainda se sentem. Agora foi a vez dos governos reagirem. Alemanha desvaloriza e fala em interpretações abusivas. França e Itália reforçam palavras de Draghi.

Bloomberg
27 de Agosto de 2014 às 17:42
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As ondas de choque do discurso de Mário Draghi continuam a sentir-se e chegaram ontem, em força, aos governos europeus. Governantes das três maiores economias europeias reagiram às palavras do presidente do Banco Central Europeu (BCE). Para Wolfgang Schäuble, Draghi "foi mal interpretado". Para o primeiro-ministro francês e para o ministro das Finanças italiano, o banqueiro central foi bem interpretado e as suas palavras merecem apoio.

 

Schäuble optou por desvalorizar as declarações do presidente do BCE. "Conheço Mário Draghi muito bem. Penso que tem sido mal interpretado", afirmou o ministro das Finanças alemão, procurando assim contrariar a muito difundida leitura de que Draghi terá pedido um alívio da austeridade.

 

"A única conclusão que podemos tirar com segurança", afirmou o banqueiro central, "é que nós precisamos de actuar dos dois lados da economia: as políticas de apoio à procura agregada têm de ser acompanhadas de políticas estruturais nacionais". A agência Reuters, que cita uma entrevista do ministro das Finanças ao jornal regional alemão Passauer Neue Presse, não dá mais detalhes sobre as reacções de Schäuble, referindo apenas que este sublinhou respeitar a independência do banco central. O governante alemão comentou ainda as declarações do ex-ministro francês Arnaud Montebourg sobre a "obsessão" alemã em torno da austeridade, admitindo não ter gostado, mas lembrando que esse "é um debate interno" francês. E que, de qualquer forma, já tinham sido tiradas as consequências, em referência à demissão do ministro.

 

França diz que "o tempo escasseia", Itália pede "golpe de rins"

 

A questão da interpretação das palavras de Draghi não se coloca para os governos francês e italiano. Ontem, num importante discurso na universidade de Verão da central patronal francesa, MEDEF, Manuel Valls insistiu na mensagem: "Como disse Mario Draghi em Jackson Hole [conferência anual de banqueiros centrais], na semana passada, nós podemos ter políticas orçamentais europeias mais favoráveis ao crescimento. É um apoio global da Zona Euro à sua procura interna, que é necessário".

 

Reconhecendo que o BCE agiu já para apoiar o crescimento e de que o euro já desvalorizou 6% face ao dólar desde Abril, Valls disse que "é preciso ir mais longe, mais depressa, porque a inflação está demasiado fraca. Tenho toda a confiança no BCE para cumprir o seu mandato de uma inflação próxima de 2% utilizando todos os meios à sua disposição. Mas o tempo escasseia!"

 

Lembrando que "o investimento caiu muito na Europa desde a crise", Valls pediu à Comissão Europeia que se comprometa com "o investimento público e privado". "Os 300 mil milhões de euros a três anos anunciados por Jean-Claude Juncker, a 15 de Julho, devem ser detalhados", disse.

 

Ao longo do seu discurso, o primeiro-ministro francês foi dando sempre uma no cravo e outra na ferradura. Num tom muito crítico, Valls lamentou as políticas públicas seguidas nas últimas décadas pelo seu país: "vivemos acima das nossas capacidades nos últimos 40 anos", disse, num discurso que recebeu com fortes críticas às políticas públicas seguidas pelo seu país ao longo de décadas.

 

Mas foi de Itália que veio o apoio mais directo a Draghi ou, seguindo o raciocínio de Schäuble, à interpretação maioritária que foi feita das suas palavras. "Estou em perfeita sintonia com Mario Draghi", afirmou o ministro das Finanças italiano. "A Europa está numa encruzilhada: ou se mantém na deflação e no baixo crescimento, ou então dá um golpe de rins e aposta em reformas estruturais e numa consolidação orçamental que sejam ‘amigas do crescimento’", disse Pier Carlo Padoan.

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