Notícia
Três quartos dos portugueses acreditam que a Cresap faz “o que o Governo manda”
Mais de três quartos (75,5%) dos inquiridos por uma sondagem da Aximage entendem que a Comissão que organiza os concursos para dirigentes de topo no Estado “faz o que o Governo manda”. Apenas 5,4% acredita que a entidade liderada por João Bilhim é independente do Governo.
Apenas 5,4% das 604 pessoas que responderam às entrevistas telefónicas feitas entre domingo e quarta-feira da semana passada acredita que a Cresap “é independente do Governo”. 17,8% responde que a Cresap estará entre as duas situações.
A Cresap foi criada no início desta legislatura para organizar os concursos que seleccionam três finalistas aos cargos de dirigente de topo no Estado. A palavra final cabe aos ministros da tutela, que escolhem uma das três pessoas seleccionadas.
Os resultados revelam que a percentagem de pessoas que acredita na independência da Cresap é superior entre os eleitores que em 2011 votaram no PSD (13,2%) e no CDS (7,3%), sendo muito inferior entre os apoiantes do PS (2,3%) e nula no caso dos eleitores que em 2011 votaram na CDU ou no Bloco de Esquerda.
A percentagem dos que acreditam que a Cresap “faz o que o Governo manda” é superior à média entre os cidadãos em que 2011 votaram CDU (94%) e que se abstiveram (84,6%) e inferior no caso dos que votaram PSD, apesar de ser, também aqui, maioritária (51%).
"Nunca ninguém me pressionou", garante Bilhim
No último dia em que decorreu o inquérito desta sondagem, João Bilhim (na foto) respondia aos deputados na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, onde foi ouvido.
Apesar de ter admitido que possa ter cometido erros, defendendo que é assim que se aprende, o presidente da Cresap negou qualquer interferência directa dos membros do Governo nos concursos que organiza.
“Nunca ninguém me pressionou, nem eu sou sujeito a pressões”, afirmou o presidente da Cresap, reiterando: “nunca, nunca”.
Na sua apresentação aos deputados, João Bilhim apresentou dados que revelam que os dirigentes de origem dos cargos da administração pública que vão a concurso não perdem a oportunidade de concorrer. E que 90% destes titulares do cargo consegue integrar a lista de três finalistas, que resulta do concurso.
O presidente da Cresap acrescentou, posteriormente, que na maioria dos casos estão em causa dirigentes que foram nomeados na legislatura anterior, pelo Governo PS.
Até à criação desta comissão, todos os dirigentes superiores do Estado eram escolhidos por nomeação directa. As comissões de serviço caíam automaticamente sempre que mudava o Governo.
Agora, os ministros podem escolher entre os três candidatos que são pré-seleccionados pela Cresap. Em contrapartida, os seleccionados ficarão mais tempo no cargo: as comissões de serviço passaram a ser de cinco anos (renováveis) em vez dos anteriores três anos.