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Cavaco Silva pede "ajustamentos" às reformas nas Forças Armadas
Nas comemorações do 10 de Junho, o Presidente da República pediu que sejam tidas em conta as mudanças observadas no contexto político internacional. O desinvestimento na Defesa deverá ser repensado.
Aníbal Cavaco Silva alertou o Governo para a necessidade de ajustar o esforço de reforma do corpo militar ao agravamento das tensões internacionais, tendo em conta que o seu contributo pode hoje ser mais necessário.
"Quem podia prever há dois ou três anos a forma brutal como se têm cometido alguns dos mais violentos atentados à liberdade dos povos? Esta é uma realidade a que Portugal não pode ficar indiferente", afirmou o Presidente da República, durante a sua intervenção na comemoração do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, referindo que a "gravidade dos acontecimentos nas periferias e na Europa" levou a uma inflexão do "desinvestimento na Defesa". "É necessário proceder a adaptações e ajustamentos das reformas em curso em defesa dos superiores interesses da paz, segurança e convivência pacífica dos povos."
Recorde-se que nos últimos anos assistiu-se à emergência de importantes focos de tensão, como a sangrenta guerra civil síria, a emergência do Estado Islâmico, a anexação da Crimeia pela Rússia e o aumento das tensões na Ucrânia.
Num discurso relativamente curto, Cavaco Silva lembrou que um período prolongado de paz poderá levar alguns a desvalorizar a importância das Forças Armadas. "Contrariando uma ideia instalada em certos sectores da sociedade, as Forças Armadas sofreram várias alterações" enquanto um dos sectores do
Estado que mais reformas implementou, destacou o Presidente, lembrando que, nos últimos anos, o orçamento da Defesa diminuiu 30% e os efectivos militares recuaram 35%.
Cavaco Silva sublinhou ainda que, apesar de o processo legislativo ter terminado, as reformas não estão concluídas. "Agora é altura de as concretizar, o que exige flexibilidade, tempo e capacidade de adaptação, mas também disponibilização de recursos e meios", avisou. "As Forças Armadas não se compadecem com reformas consecutivas sem que as anteriores tenham sido concluídas e testadas."
A intervenção foi preenchida por elogios ao esforço dos militares portugueses. "A instituição militar continua a ser um dos pilares estruturantes do Estado", frisou, encerrando o discurso com um desejo: "Convosco passaremos mais esta encruzilhada da nossa história."