Notícia
Poeta Gastão Cruz morre aos 80 anos
De acordo com o professor universitário Carlos Mendes de Sousa, Gastão Cruz morreu ao início da tarde de hoje.
20 de Março de 2022 às 18:44
O poeta Gastão Cruz morreu hoje, aos 80 anos, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, disse à Lusa fonte próxima da família.
De acordo com o professor universitário Carlos Mendes de Sousa, Gastão Cruz morreu ao início da tarde de hoje.
Gastão Cruz, que nasceu em Faro em 1941, era licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e autor premiado de vários títulos de poesia e ensaio.
Foi nos tempos de estudante universitário que começou a publicar em jornais e revistas poemas e artigos sobre poesia. Na mesma altura, participou ativamente nas greves académicas de 1962 e foi um dos organizadores da "Antologia de Poesia Universitária" (1964).
O seu primeiro livro, "A Morte Percutiva", data de 1961. Depois, publicou, entre outros, "A Poesia Portuguesa Hoje" (1973), "Campânula" (1978), "Órgão de Luzes" (1990), "Transe - Antologia 1960-1990" (1992) e "As Pedras Negras" (1995).
Os seus ensaios sobre poesia, "A Poesia Portuguesa Hoje", foram editados pela primeira vez em 1973. "A Vida da Poesia - textos críticos reunidos" (2008) foi a mais recente recolha do seu trabalho ensaístico.
No ano seguinte, em 2009, reuniu a sua poesia no volume "Os Poemas", tendo posteriormente publicado "Escarpas" (2010), "Observação do Verão" (2011), "Fogo" (2013), "Óxido" (2015) e "Existência" (2017).
Em 1975, Gastão Cruz foi um dos fundadores do grupo Teatro Hoje, posteriormente fixado no Teatro da Graça, que dirigiu e para o qual encenou peças de Crommelynck, Tchekov e Strindberg, assim como uma adaptação do romance "Uma Abelha na Chuva", de Carlos de Oliveira.
Entre 1980 e 1986 foi leitor de português no King's College, na Universidade de Londres.
Em 2019, foi agraciado pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Ao longo da carreira, recebeu ainda, entre outros, o Prémio D. Diniz, em 2000, pelo livro "Crateras", o Prémio do P.E.N. Clube Português de Poesia, em 1985, 2007 e 2014, respetivamente, pelas obras "O Pianista", "A Moeda do Tempo" e "Fogo", o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 2002, pela obra "Rua de Portugal", e ainda o Grande Prémio de Literatura DST, em 2005, por "Repercussão", e o Prémio Literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa, em 2009, por "A Moeda do Tempo".
Em 2013, a Fundação Inês de Castro homenageou o poeta atribuindo-lhe o Prémio Tributo de Consagração.
Também tradutor de autores como William Blake, Jean Cocteau ou Wlliam Shakespeare, Gastão Cruz recebeu em 2015 o Prémio de Tradução da Casa da América Latina pela tradução da obra "Troco a Minha Vida por Candeeiros Velhos", do poeta colombiano León de Greiff.
Traduziu igualmente os poemas de outro colombiano, Porfirio Barba-Jacob, incluídos na antologia bilingue "Todos os Sonhos do Mundo" (2012).
Eis um poema seu:
De acordo com o professor universitário Carlos Mendes de Sousa, Gastão Cruz morreu ao início da tarde de hoje.
Foi nos tempos de estudante universitário que começou a publicar em jornais e revistas poemas e artigos sobre poesia. Na mesma altura, participou ativamente nas greves académicas de 1962 e foi um dos organizadores da "Antologia de Poesia Universitária" (1964).
O seu primeiro livro, "A Morte Percutiva", data de 1961. Depois, publicou, entre outros, "A Poesia Portuguesa Hoje" (1973), "Campânula" (1978), "Órgão de Luzes" (1990), "Transe - Antologia 1960-1990" (1992) e "As Pedras Negras" (1995).
Os seus ensaios sobre poesia, "A Poesia Portuguesa Hoje", foram editados pela primeira vez em 1973. "A Vida da Poesia - textos críticos reunidos" (2008) foi a mais recente recolha do seu trabalho ensaístico.
No ano seguinte, em 2009, reuniu a sua poesia no volume "Os Poemas", tendo posteriormente publicado "Escarpas" (2010), "Observação do Verão" (2011), "Fogo" (2013), "Óxido" (2015) e "Existência" (2017).
Em 1975, Gastão Cruz foi um dos fundadores do grupo Teatro Hoje, posteriormente fixado no Teatro da Graça, que dirigiu e para o qual encenou peças de Crommelynck, Tchekov e Strindberg, assim como uma adaptação do romance "Uma Abelha na Chuva", de Carlos de Oliveira.
Entre 1980 e 1986 foi leitor de português no King's College, na Universidade de Londres.
Em 2019, foi agraciado pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Ao longo da carreira, recebeu ainda, entre outros, o Prémio D. Diniz, em 2000, pelo livro "Crateras", o Prémio do P.E.N. Clube Português de Poesia, em 1985, 2007 e 2014, respetivamente, pelas obras "O Pianista", "A Moeda do Tempo" e "Fogo", o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 2002, pela obra "Rua de Portugal", e ainda o Grande Prémio de Literatura DST, em 2005, por "Repercussão", e o Prémio Literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa, em 2009, por "A Moeda do Tempo".
Em 2013, a Fundação Inês de Castro homenageou o poeta atribuindo-lhe o Prémio Tributo de Consagração.
Também tradutor de autores como William Blake, Jean Cocteau ou Wlliam Shakespeare, Gastão Cruz recebeu em 2015 o Prémio de Tradução da Casa da América Latina pela tradução da obra "Troco a Minha Vida por Candeeiros Velhos", do poeta colombiano León de Greiff.
Traduziu igualmente os poemas de outro colombiano, Porfirio Barba-Jacob, incluídos na antologia bilingue "Todos os Sonhos do Mundo" (2012).
Eis um poema seu:
Paráfrase
Deito um peixe no eixo do meu peito
aí o deixo devorar primeiro a vida
os coágulos depois o osso enfim
os arcos das costelas
o esterno
já ferido pelos dias
É ele o meu pulmão o músculo do meu
sangue perdido
barbatanas escamas guelras eixo
peixe
deitado no meu peito e vivo
entre ruínas
(In Teoria da fala, 1972)