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Obras de Miró chegam a Serralves no Outono
A colecção artística do antigo Banco Português de Negócios será mostrada na casa da fundação portuense, que recebeu mais de 520 mil visitantes em 2015.
A nova presidente da Fundação de Serralves, Ana Pinho, confirmou esta terça-feira, 19 de Janeiro, os contactos com o Governo para que as 84 obras do artista catalão Joan Miró, provenientes do antigo BPN, sejam expostas na Casa de Serralves, "em princípio no Outono".
A sucessora de Luís Braga da Cruz na instituição cultural portuense falava esta manhã durante a apresentação da programação para 2016. A economista de 48 anos vai liderar Serralves no triénio 2016-2018, depois de ter entrado na administração em 2010 e integrado há dois anos assim o núcleo duro de elementos da comissão executiva.
A polémica em torno das obras de Miró começou em Janeiro de 2014, quando um movimento de artistas e curadores defendeu, numa petição pública, a manutenção das 85 obras de arte em Portugal, chegando a receber mais de 10 mil assinaturas.
Um mês antes, o leilão das obras tinha sido anunciado pelas empresas de capitais públicos proprietárias, a Parvalorem e a Parups, criadas em 2010 pelo Estado para gerir os activos e recuperar os créditos do ex-BPN, nacionalizado em 2008.
Caso não surjam impedimentos burocráticos, este será também um regresso simbólico da obra do artista catalão a Serralves. É que, sublinhou Ana Pinho aos jornalistas já depois da conferência de imprensa, a conhecida casa de cor salmão recebeu há 25 anos uma exposição de Miró, naquela que foi uma das primeiras actividades culturais desta fundação.
Mais de meio milhão de visitantes
A exposição de Joan Miró é um dos mais de 500 eventos programados para este ano no museu, na casa e no parque de Serralves, cuja colecção artística própria conta actualmente com 4.300 obras avaliadas em 50 milhões de euros.
Ana Pinho apresentou uma agenda "ambiciosa, abrangente e muito presente" para o primeiro ano da sua liderança, depois de ter terminado o ano passado com mais de 520 mil visitantes. "Serralves está no Porto mas é do país e do mundo. Queremos continuar a aumentar o número de visitas", perspectivou a gestora.
Uma das apostas para este ano passa pelo "reforço da presença no território nacional", através de exposições itinerantes que "tornem a colecção acessível a todo o país". Neste momento há mostras a decorrer em Viseu, Barcelos e Oliveira de Azeméis.
Já o serviço educativo e os programas com as escolas deverão continuar a ser a face mais visível de um posicionamento em que a educação será "central". No que toca à actividade de conferências, depois do debate da semana passada com Durão Barroso, na próxima segunda-feira, 25 de Janeiro, será a vez de António Guterres ir a Serralves falar sobre a crise dos refugiados.
Levar as exposições de Serralves a museus de outros países e continuar a trabalhar em co-produções são dois outros objectivos da administradora, destacando uma exposição sobre Álvaro Siza que já irá incorporar os 40 projectos doados no ano passado pelo arquitecto portuense.