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Manuel Alegre é o vencedor do Prémio Camões 2017

O escritor português Manuel Alegre é o vencedor do Prémio Camões 2017, anunciou o Ministério da Cultura esta quinta-feira, 8 de Junho.

O político e poeta Manuel Alegre evocou Mário Soares como um combatente antifascista que cedo teve a visão que era preciso criar um partido que tivesse o apoio da Internacional Socialista e dos partidos democráticos. Manuel Alegre, em entrevista à RTP, considerou ainda que a morte de Mário Soares significa um luto não só para si, para os filhos, a família e amigos, mas também para o país, do qual foi primeiro-ministro e Presidente da República. Manuel Alegre alertou para as 'tentações revisionistas' sobre a biografia de Mário Soares, lembrando que o antigo líder do PS começou por ser opositor ao regime de Salazar, como militante do PCP, tendo depois entendido que era necessário um partido que juntasse os socialistas e que tivesse o apoio da Internacional Socialista e dos partidos democráticos. Tudo isto numa altura em que a 'grande força da resistência (antifascista) era o PCP', observou Manuel Alegre, revelando que conheceu Mário Soares em Paris, numa visita realizada com Piteira Santos. Já na fase do pós-25 de Abril, Alegre recordou Mário Soares como alguém que se opôs à instauração de uma democracia popular, apoiada pelo PCP e inspirada nos países de Leste. Manuel Alegre descreveu ainda Soares como um 'homem de fibra, optimista e voluntarioso', que acreditava sempre na vitória, mesmo quando as sondagens eleitorais estavam muito baixas.
'Era um optimista e tinha uma grande alegria', relatou Manuel Alegre, confidenciando que Soares gostava de literatura e de pintura e era amigo de 'muitos escritores e poetas'. No plano das confidências pessoais, revelou também que Soares 'não gostava de almoçar sozinho', razão pela qual almoçava e jantava frequentemente com os amigos e camaradas dom PS. Alegre falou ainda do papel de Mário Soares na Europa e na Internacional Socialista e dos seus amigos Willy Brandt, Olof Palme e Miterrand.
Miguel Baltazar
08 de Junho de 2017 às 19:50
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No seguimento da reunião do júri da 29ª edição do Prémio Camões, que decorreu no Rio de Janeiro esta quinta-feira, dia 8 de junho, o ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, anunciou que o Prémio Camões 2017 foi atribuído ao escritor Manuel Alegre.

 

Manuel Alegre nasceu em Águeda em 1936 e foi o primeiro português a receber o diploma de membro honorário do Conselho da Europa.

 

Entre outras condecorações, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (Portugal), a Comenda da Ordem de Isabel a Católica (Espanha) e a Medalha de Mérito do Conselho da Europa, destaca o Ministério em comunicado.


Como poeta, começou a destacar-se nas colectâneas Poemas Livres (1963-1965). Mas o grande reconhecimento nasce com os seus dois volumes de poemas, Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967), apreendidos pelas autoridades antes do 25 de Abril, mas com grande circulação nos meios intelectuais.

 

Estreando-se na ficção com Jornada de África, em 1989, Manuel Alegre tem hoje uma vasta obra literária, traduzida e publicada em diversos países.

 

O Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa.

 

O júri da 29ª edição do Prémio Camões foi constituído por Paula Morão, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Portugal); Maria João Reynaud, professora associada jubilada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal); Leyla Perrone-Moisés, professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (Brasil); José Luís Jobim, professor aposentado da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Brasil); pelos PALOP, Lourenço do Rosário, Doutor em Literaturas Africanas pela Universidade de Coimbra e Reitor da Universidade Politécnica de Maputo (Moçambique); José Luís Tavares, poeta (Cabo Verde).

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