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Hugh Hefner, a figura pouco consensual que transformou o desejo sexual em império multimédia

Hugh Hefner, que hoje morreu em Los Angeles, transformou o pijama de seda em uniforme de trabalho e o desejo sexual num império multimédia mundial que atravessou várias gerações da vida americana.

Reuters
28 de Setembro de 2017 às 13:37
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Foi pela mão de Hugh Hefner e da sua revista, a Playboy, que surgiu numa altura em que o acesso a métodos contraceptivos era proibido nos Estados Unidos, que a nudez feminina entrou nos media.

 

Foi também graças às mulheres que posaram nuas para a Playboy que Hefner conseguiu criar um império multimilionário com a marca, que para além da revista inclui casinos e discotecas.

 

Nascido a 9 de Abril de 1926 em Chicago, Illinois, o 'pai' da Playboy sempre disse que a sua família e uma educação conservadora o encaminharam para a criação e lançamento, em 1953, da revista, acabando por construir uma das mais importantes marcas americanas e contribuindo para uma mudança de mentalidades no que se refere à liberdade sexual.

 

Cooper Hefner, seu filho, prestou homenagem ao pai num pequeno texto em que afirma que Hefner viveu "uma vida extraordinária" enquanto "pioneiro cultural e dos media" e o classifica como um grande defensor da liberdade de expressão, dos direitos civis e da liberdade sexual.

 

Hugh Hefner era uma figura amplamente admirada, mas longe de ser amada universalmente.

 

Muitos líderes feministas e religiosos consideravam-no apenas um pornógrafo glorificado que degradava e objetificava as mulheres com impunidade.

 

Após a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, a Playboy tornou-se um fruto proibido para os adolescentes e uma bíblia para homens com tempo e dinheiro.

 

No espaço de um ano, a circulação passou para 200.000 exemplares e em cinco anos já tinha ultrapassado um milhão.

 

A censura da revista tornou-se inevitável. A Playboy foi banida na China, Índia, Arábia Saudita e Irlanda.

 

Na década de 1950, as lojas que tinham a Playboy colocavam-na nas prateleiras mais altas.

 

As actrizes Drew Barrymore, Farrah Fawcett e Linda Evans estão entre as que posaram para a revista.

 

Várias 'coelhinhas' tornaram-se celebridades, incluindo a cantora Deborah Harry e a modelo Lauren Hutton.

 

Mas outras 'coelhinhas' tiveram experiências traumáticas. Muitas denunciaram casos de violação pelo amigo próximo de Hefner Bill Cosby, que enfrentou dúzias de acusações do género nos últimos anos.

 

Hefner emitiu uma declaração no final de 2014 dizendo que "nunca toleraria esse comportamento". Mas dois anos depois, a ex-colega Chloe Goins processou Cosby e Hefner por agressão sexual, violência de género e outros crimes por uma suposta violação de 2008.

 

Na década de 1970, a revista Playboy tinha mais de sete milhões de leitores e inspirou publicações como a Penthouse e a Hustler.

 

A concorrência e a Internet reduziram a circulação para menos de três milhões no século XXI e o número de edições publicados anualmente foi cortado de 12 para 11.

 

Em 2015, a Playboy deixou de publicar imagens de mulheres nuas, citando a proliferação de nudez na internet, mas restaurou a nudez tradicional no início deste ano.

 

Hefner e Playboy são marcas em todo o mundo.

 

Questionado pelo The New York Times, em 1992, sobre do que é que estava mais orgulhoso, Hefner respondeu: "Alterei os comportamentos em relação ao sexo. Que as pessoas porreiras possam viver juntas agora. Eu descontaminei a noção de sexo pré-marital. Isso dá-me uma grande satisfação".

 

A primeira edição da Playboy incluía uma sessão fotográfica de Marilyn Monroe nua. Martin Luther King Jr., Fidel Castro e John Lennon foram algumas das personalidades entrevistadas para a Playboy.

 

Hefner tornou-se o símbolo 'flamboyant' do estilo de vida que abraçou. Durante décadas foi o anfitrião fumador e de pijama de seda das constantes festas com celebridades e modelos Playboy que promovia.

 

Ao longo da década de 1960, Hefner deixou Chicago apenas algumas vezes. No início da década de 1970, comprou a segunda mansão em Los Angeles, voando entre as suas casas num avião privado chamado "The Big Bunny" (O Grande Coelhinho), que tinha um coelho (símbolo da Playboy) gigante na cauda.

 

Hugh Hefner, que mantinha uma espécie de harém na sua casa, onde viviam várias mulheres, alegou ter dormido com mais de mil mulheres.

 

Casou-se três vezes, a última das quais em 2012, quando tinha 86 anos, com Crystal Harris, 60 anos mais nova. Nunca escondeu que o Viagra desempenhava um papel importante na sua vida.

 

Hefner foi o anfitrião de um programa de televisão - "Playboy After Dark" - e em 1960 abriu uma série de clubes em todo o mundo onde as empregadas usavam roupas reveladoras, orelhas e caudas de coelho brancas e fofas.

 

No século XXI regressou à televisão num 'reality show' da TV por cabo - "The Girls Next Door" -, com três namoradas ao vivo na mansão Playboy de Los Angeles.

 

A televisão também aderiu ao império de Hefner em 2011, com o drama da NBC "The Playboy Club", que não conseguiu atrair telespectadores e foi cancelado após três episódios.

 

O fundador do império Playboy morreu na famosa mansão de Los Angeles onde viveu, trabalhou e fez das festas mais badaladas. Tinha-a vendido há cerca de um ano por 100 milhões de dólares (cerca de 88 milhões de euros), mas o contrato incluía uma cláusula que lhe permitia lá viver até morrer.

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