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Fundação Ricardo Espírito Santo Silva prepara novo modelo de financiamento

A presidente da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS) disse à Lusa que a instituição prepara uma mudança no modelo de financiamento, depois de ter perdido o seu principal mecenas, o ex-Banco Espírito Santo (BES), em 2014.  

Bruno Simão/Negócios
03 de Agosto de 2015 às 17:11
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"Neste momento estamos a ultimar alguns apoios institucionais que muito contribuirão para a desejada mudança de paradigma da sustentabilidade económico-financeira que, como é do conhecimento público, ficou muito afectada em Agosto do ano passado, quando perdeu o seu mecenas exclusivo de sempre" o BES, disse à Lusa Conceição Amaral.

 

A responsável frisou que "a FRESS tem continuado a desempenhar a sua missão e tem em actividade todos os seus departamentos: museu, escolas, oficinas e os departamentos de conservação e restauro e não despediu funcionários".

 

Conceição Amaral sublinhou ainda que a Fundação "tem vindo a honrar todos os compromissos e a conseguir alguns passos na direcção de uma necessária reestruturação interna".

 

Por outro lado, a responsável referiu que o apoio à actividade cultural que a FRESS desenvolve na cidade de Lisboa, designadamente nas zonas do Castelo e Alfama, onde se localiza, "foi alvo de um acordo de apoio financeiro, aprovado no passado dia 23 de Julho, em reunião de Câmara, e que é já um sinal do tipo de parcerias e de colaboração institucional que estão a ser trabalhadas".

 

A câmara da capital atribuiu à FRESS 150.000 euros anuais, mediante um protocolo em que, entre outros pontos, se prevê a cedência de espaços para eventos da autarquia e actividades para crianças.

 

Referindo-se a outras iniciativas da FRESS, com vista à captação de financiamento, Conceição Amaral afirmou: "Apenas poderei confirmar e salientar que são muitas as instituições, empresas e particulares que têm apoiado a nossa actividade, em todas as áreas, e tem sido o esforço gigantesco das equipas internas que, conseguindo responder em tempo útil a todas as encomendas de clientes particulares, tem feito aumentar as receitas próprias".

 

Sob a tutela da pasta governamental da Cultura desde 2008, a FRESS recebeu do Estado, desde esse ano até 2011, 200.000 euros anualmente, disse à Lusa fonte do gabinete do secretário de Estado Jorge Barreto Xavier,

 

A mesma fonte afirmou que não foi atribuído qualquer financiamento em 2012, porque "a FRESS não apresentou candidatura a apoio".

 

De 2013 a 2015 recebeu anualmente 140.000 euros, "por força da redução de 30% imposta pelas leis de Orçamento do Estado".

 

O alerta de colapso financeiro da FRESS foi dado no ano passado pelo seu conselho de curadores, o que Barreto Xavier considerou "preocupante" tendo sido iniciadas reuniões entre o seu gabinete, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Câmara Municipal da capital, para tentar "encontrar caminhos" que salvaguardassem o património e o funcionamento da instituição com trabalho premiado internacionalmente.

 

Em Novembro do ano passado, a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu um processo de classificação da colecção de obras de arte da FRESS, por a considerar relevante para o património cultural português.

 

Considerada "única", pela DGPC, a colecção foi reunida por Ricardo Ribeiro Espírito Santo Silva (1900-1955), que se destacou como o maior coleccionador de arte portuguesa do século XX.

 

Actualmente, a FRESS detém o Museu de Artes Decorativas e 18 oficinas de artes e ofícios tradicionais portugueses, que ensinam intervenção especializada no património, nas vertentes de conservação e restauro.

 

A FRESS tutela ainda duas escolas para ensino das Artes: a Escola Superior de Artes Decorativas e o Instituto de Artes e Ofícios.

 

O BES, tal como era conhecido, acabou a 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

 

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os activos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e activos tóxicos, no BES, o 'banco mau', que ficou sem licença bancária.

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