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Coleção Berardo avaliada em 1,8 mil milhões pela Gary Nader

A Coleção Berardo, atualmente arrestada, deverá valer 1,8 mil milhões de euros, de acordo com uma nova avaliação. Se for adquirida peça a peça, o valor estimado é de 1,5 mil milhões. A nova avaliação foi entregue esta quarta-feira no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

A coleção Berardo está exposta no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Miguel A. Lopes/Lusa
27 de Outubro de 2022 às 10:26
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Uma nova avaliação da coleção Berardo conclui que o acervo vale hoje em dia qualquer coisa como 1,8 mil milhões de euros, um valor que contrasta com os 316 milhões em que foi avaliada em 2008, então pela Christies, ou os 509 milhões avançados em 2009 pela galeria de arte norte-americana Gary Nader, os mesmos especialistas que agora voltaram a avaliar as peças. Se a coleção for vendida peça a peça, então o valor ascende a 1,5 mil milhões de euros. 

A nova avaliação, que foi entregue ontem no Tribunal da Comarca de Lisboa pelos advogados de Berardo, segundo avança esta quinta-feira o Diário de Notícias, serve de base para contestar o pedido de  indemnização por danos futuros apresentado pelo Novo Banco, CGD e BCP. É que quando foi feito o protocolo com o Estado e a coleção foi alvo de penhor, em 2008, o seu valor era substancialmente inferior, tendo havido entretanto uma valorização.

Assim sendo, garantem os advogados, não há razão para que as obras se mantenham arrestadas, uma vez que Berardo terá dinheiro suficiente para pagar eventuais dívidas aos bancos que o tribunal venha a validar. 

A avaliação de 2008, que serviu de base à constituição da garantia, incidia apenas sobre o Volume I da coleção, "pois na altura os Bancos não consideraram sequer de valorizar os volumes II e III da Colecção", assinalam os advogados, no requerimento entregue no tribunal, ao qual o Negócios teve acesso.

Já a avaliação de 2009 abrangeu também os Volumes II e III, tendo os especialistas estabelecido um valor total de 571 milhões de euros. Atualmente, sublinham os advogados, "vale praticamente o triplo", não tendo havido, portanto, qualquer desvalorização da garantia, pelo que, face ao pedido de indemnização dos bancos, "fundado numa pretensa desvalorização do penhor, é abusivo e de má-fé alegar a insuficiência da garantia para cobrança de todo o crédito, pois tal insuficiência já se verificava, aliás, aquando da constituição do penhor e nunca poderia fundar o direito a qualquer indemnização", sustentam os advogados.

Valor das peças em segredo por razões de segurança

O valor de mercado de cada uma das peças, avaliado pela Gary Nader, foi entregue ao tribunal, mas "por razões de segurança da posse e integridade dessas peças e de responsabilidade perante a seguradora", não deverá ser tornado público, requerem também os advogados, que lembram protestos recentes que se traduziram no ataque a obras de arte expostas em museus nas últimas semanas.  

"Caso se tornem públicos os valores das obras expostas no CCB (conhecimento que rapidamente se espalharia, dada, nomeadamente, a apetência da comunicação social por tudo quanto respeita ao universo Berardo), estariam as obras mais valiosas sinalizadas como alvos apetecíveis para protestos do tipo dos relatados", lê-se no requerimento enviado ao tribunal.

O acervo é composto por mais de quatro dezenas de coleções e obras de mais de 2.500 artistas. Teve já mais de 20 milhões de visitantes nas várias exposições onde foi exposto.. Começou por estar na Madeira, no Jardim Monte Palace, onde a primeira exposição foi inaugurada em 1991.  Encontra-se no CCB, em Lisboa, desde 2004. Em 2022, até final de setembro, tinha sido visitada por 463.720 pessoas.

A denúncia do protocolo pelo Estado terá efeitos a 1 de janeiro de 2023. Ao DN, o Ministério da Cultura diz estar disponível para negociar com quem for proprietário da coleção, mas isso só acontecerá depois de haver uma decisão judicial. 



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