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Libertação chega em outubro. Regras serão nacionais, fim da máscara na rua e horários até às 2h
Superado o patamar de 50% da população vacinada, o Governo considera estarem reunidas as condições para gerir a pandemia em função da imunização, abrindo via a três fases de abertura da economia e da sociedade que poderão garantir a libertação já em outubro. Saiba tudo o que muda.
No final do Conselho de Ministros desta quinta-feira, o primeiro-ministro anunciou que "é o momento de podermos passar a conduzir a gestão da pandemia em função de um critério fundamental, que é a taxa de vacinação da população portuguesa". "Prevemos que no próximo domingo, dia 1, 57% da população venha a estar completamente vacinada, com duas doses de vacinação e que venhamos a atingir cerca dos 70% de vacinação completa no início de setembro e, em outubro, poderemos atingir 85% da população portuguesa com vacinação completa", anteviu António Costa em conferência de imprensa.
Em primeiro lugar, deixam de ser aplicadas medidas diferenciadas em função da situação em cada concelho, pelo que as "medidas passarão a ter dimensão nacional", disse Costa apontando três razões que justificam esta decisão: o facto de a taxa de vacinação ser "sensivelmente homogénea em todo o território nacional", a variante Delta ser hoje "predominante em todo o território"; e a entrada num "período que é objeto de grande mobilidade inter-concelhia e inter-regional devido às férias".
A segunda regra geral implicará a eliminação genérica das "limitações horárias" das várias atividades, "quer comércio, quer restauração, quer espetáculos, que poderão retomar horários normais com a limitação geral de tudo estar encerrado às 2h da manhã".
A terceira regra geral diz respeito à "utilização intensiva da nova ferramenta que é o Certificado Digital [Covid] ou, em sua substituição, um teste negativo", revelou o primeiro-ministro. Acrescentando que tais ferramentas "serão condição" para se poderem realizar viagens por via aérea ou marítima, para acesso a estabelecimentos turísticos ou de alojamento local, para acesso ao interior de restaurantes aos fins de semana e feriados, para frequência de ginásios para aulas em grupo, termas ou spas, casinos e bingos e eventos culturais, desportivos ao ar livre com mais de mil pessoas ou em recinto fechado com mais de 500 pessoas e também para casamentos e batizados e festividades com mais de 10 pessoas. O limite das 2h da madrugada aplica-se a todo o tipo de estabelecimentos e eventos.
"Portanto, [serão] regras idênticas para todo o país", frisou.
Três fases até à libertação
Além das três regras gerais, serão também três as fases até ao aguardado dia da libertação, as quais serão iniciadas à medida que forem atingidos novos patamares de imunização da população, possibilitando deixar cair a chamada matriz de risco que até aqui enquadrava a gestão da pandemia.
"Em suma, nesta primeira fase permanecerão encerrados os bares e discotecas e continuam a não ser permitidas festas e romarias", precisou ainda António Costa.
A terceira e última fase, com início em outubro mediante uma vacinação completa de 85% da população, "será possível que as discotecas possam reabrir", desde que os clientes apresentem Certificado Digital ou teste negativo. "Os restaurantes deixarão de estar sujeitos a limitação máxima de pessoas por grupo e deixará de haver limitação de utilização dos diferentes recintos", referiu Costa.
Já em resposta aos jornalistas, o chefe do Executivo precisou que festas e romarias não serão seguramente autorizadas nas duas primeiras fases e que o consumo de bebidas alcoólicas continuará a ser proibido de forma a "desincentivar os ajuntamentos".
Prometendo manter uma "monitorização" aperta da evolução da pandemia, António Costa fez questão de repetir uma ideia várias vezes transmitida desde a eclosão da crise pandémica, assegurando que o Governo "não hesitará em parar, ou mesmo recuar, se for necessário em função da evolução da pandemia". Para evitar tal travagem ou retrocesso, reiterou a importância de "manter a disciplina", designadamente o respeito pelas regras sanitárias de contenção da covid-19.
No site EstamosOn é precisado que "a monitorização da evolução da pandemia continuará a ser feita com base nos indicadores de incidência e Rt, agora adaptados de acordo com a evolução da vacinação (nível de alerta passa para 240, nível de risco passa para 480)". Ou seja, os alarmes apenas disparam quando são atingidos o dobro dos casos face aos valores que agora vigoravam.
Será ainda acompanhado o relatório de linhas vermelhas publicado semanalmente pela DGS e pelo INSA com informação que abrange "a transmissão (incidência, Rt e positividade), gravidade (incidência para maiores de 65 anos) e capacidade de resposta do SNS (taxa de ocupação de enfermarias e UCI).
Mas há também a possibilidade de, caso a vacinação ande mais rápido do que o estimado, as restrições poderem "ser eliminadas mais cedo".
O elogio a Gouveia e Melo
Já sem matriz para a gestão da pandemia, será o ritmo da vacinação a determinar a reabertura. "Vamos procurar controlar a pandemia e garantir a retoma da atividade de forma gradual, acompanhando o ritmo de vacinação completa da população portuguesa", insistiu o também secretário-geral do PS.
Dada a importância das vacinas, que resultam pois permitem "contribuir para uma menor taxa de incidência, menor pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde e um menor número de óbitos", António Costa aproveitou a ocasião para deixar rasgados elogios à task force da vacinação, liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo.
"A task force da vacinação já nos habituou a podermos ter confiança na programação da vacinação, não obstante os sobressaltos que nunca podemos garantir que não existam, como já existiram no passado, mas tem sempre sido possível ultrapassá-los", afirmou, sublinhando a "confiança no calendário que a task force tem apresentado".