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Médicos criticam "momentos infelizes de comunicação" dos políticos sobre a pandemia

Após ouvir Marcelo dizer que "não vai haver volta atrás no desconfinamento" e Ferro apelar à deslocação “massiva” a Sevilha, a Ordem dos Médicos veio pedir “prudência e responsabilidade” nas declarações dos governantes.

Miguel Baltazar
25 de Junho de 2021 às 12:31
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A Ordem dos Médicos pede que a comunicação pública com os cidadãos seja feita de uma forma mais prudente e com responsabilidade.

Numa nota publicada no site esta manhã, indica que as vacinas "representaram uma inflexão determinante no curso da pandemia", mas "pelo agravamento recente dos dados da pandemia em Portugal, não é ainda é o momento de abdicarmos ou de aligeirarmos outras medidas de contenção do vírus."

Desta forma, "perante alguns episódios recentes, a Ordem dos Médicos vem alertar que a comunicação pública com os cidadãos é crítica para a adesão às medidas de prevenção e proteção individual e coletiva, pelo que deve ser gerida com prudência, responsabilidade e transparência, em particular pelos titulares de cargos públicos."

Após a passagem de Portugal aos oitavos de final do Euro 2020, Eduardo Ferro Rodrigues, o Presidente da Assembleia da República, pediu aos portugueses que se deslocassem de forma "massiva até Sevilha" para apoiar a Selecção Nacional no jogo frente à Bélgica, agendado para domingo na cidade espanhola.

Na semana anterior, durante uma visita à Feira da Agricultura de Santarém, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "naquilo que depender do Presidente da República não se volta atrás" no plano de desconfinamento. No dia seguinte, o primeiro-ministro, António Costa, contrariou esta posição, afirmando que ninguém, nem mesmo o chefe de Estado, podia garantir que não haveria recuos.

"A Ordem dos Médicos tem feito várias recomendações que visam compatibilizar a retoma de múltiplas atividades com a saúde e segurança dos cidadãos, e com o respeito pelo trabalho e pressão extraordinários a que os médicos e outros profissionais de saúde estão a ser sujeitos há quase um ano e meio", lê-se na mesma nota.

Nesse sentido, continua o bastonário, Miguel Guimarães, "é com preocupação e consternação que assistimos a alguns momentos infelizes de comunicação com os cidadãos, em que se promovem mensagens contraditórias e que não beneficiam o combate à pandemia, podendo até trazer consequências económicas e de saúde mais nefastas".

Na mesma nota, é indicado que "tanto Lisboa como Sevilha são, de momento, zonas vermelhas", indicando que é "de imperioso bom senso a redução de deslocações para áreas problemáticas".

A Ordem apela ainda ao uso de meios como as vacinas e a máscara, sem esquecer a testagem regular, mas refere que "nenhuma dessas medidas corresponde a que possamos fazer uma vida inteiramente normal, como a que tínhamos em 2019".

A terminar, finca que "as personalidades com exposição e influência pública são agentes importantíssimos na forma como os cidadãos compreendem as mensagens e ajustam as suas decisões e comportamentos individuais."
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