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Indústria extrativa fala em “despedimentos em massa” sem mais apoios públicos
Os transformadores de rochas ornamentais, como mármores e granitos, dizem que “o valor dos apoios financeiros é francamente insuficiente” e pedem mais medidas e também clareza ao Governo na explicação dos incentivos.
As indústrias extrativas consideram que as medidas de apoio já apresentadas pelo Governo não chegam para enfrentar a ameaça da covid-19 e pedem também um "esclarecimento urgente" ao Governo sobre como vai funcionar o novo regime de lay-off e como podem candidatar-se às "muitas e complexas" medidas na área do Trabalho e da Segurança Social que foram anunciadas nos últimos dias.
"O valor dos apoios financeiros é francamente insuficiente. As contribuições para a Segurança Social, IRC e IRS deveriam ser suspensas até a situação normalizar, bem como as obrigações declarativas. A decisão do Governo em dar a possibilidade de pagamento a prestações, para algumas empresas, não vai resolver nada. Neste cenário iremos assistir a despedimentos em massa", resumiu Francelina Pinto, diretora-geral da Aniet.
Com um volume de negócios superior a mil milhões de euros, dos quais quase metade são assegurados pelo subsetor das rochas ornamentais – exporta mais de 95% da produção de mármores, granitos e calcários para vários destinos, como a China –, este setor emprega um total de cerca de 12 mil pessoas em Portugal, segundo os dados cedidos ao Negócios pela associação empresarial sediada no Porto.
Na quarta-feira, 18 de março, além de garantirem que a legislação com os bancos para uma moratória de capital e juros será aprovada até ao final do mês, os ministros das Economia e das Finanças anunciaram linhas de crédito de 3.000 milhões de euros para apoiar as empresas mais penalizadas pela covid-19. Mais de um terço (1.300 milhões) será direcionado para as indústrias têxtil, vestuário, calçado, extrativas (rochas ornamentais) e da fileira da madeira e do mobiliário.
"Não temos dúvidas que esta situação vai acarretar para a economia portuguesa um enorme impacto e receamos que principalmente as pequenas empresas, que não tenham o suporte da estrutura de um grupo para se apoiarem, consigam sobreviver", finalizou Francelina Pinto, não escondendo que o setor, que começou a ser afetado quando o novo coronavírus ainda estava confinado à China, está "muito preocupado" com este cenário prolongado de instabilidade.