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Campanha ‘Saia da Tailândia’ ganha força com aumento da covid

Centenas de milhares de estudantes e jovens profissionais tailandeses insatisfeitos com a forma como o governo está a lidar com a pandemia e o ritmo lento das vacinações formaram um grupo online para discutir formas de deixar o país para sempre.

09 de Maio de 2021 às 15:00
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O grupo de Facebook chamado "Migrate" reuniu mais de 800.000 membros menos de uma semana depois de ser criado. Tornou-se uma plataforma para as pessoas discutirem caminhos para a emigração, com os participantes a procurarem conselhos e tailandeses que já vivem no estrangeiro a partilharem dicas. Estados Unidos, Austrália, Japão, Canadá e Alemanha encabeçam a lista de destinos que os membros desejam conhecer em busca de um futuro melhor.

Embora o número de membros seja atualmente equivalente a cerca de 1,3% da população tailandesa, a lista é suficientemente grande para ocupar o 28º lugar entre as 77 províncias do país. A adesão já representa aproximadamente o dobro de "gostos" na página do Ministério da Saúde no Facebook.

Muitas das discussões do grupo privado giram em torno de melhores perspectivas de emprego e riqueza que outros países podem oferecer, em comparação a menos oportunidades na Tailândia. Para muitos dos jovens membros, o atual surto de covid-19 - equivalente à terceira vaga no país e a pior desde o início da pandemia - e o ritmo lento de vacinação alimentaram a raiva contra um governo que havia rejeitado pedidos de reforma com uma repressão aos protestos.

"No final de abril, o meu pai morreu de covid e agora a minha mãe está nos cuidados intensivos, à espera de um milagre", escreveu Pakpong Phompetch, um membro do grupo. "Não quero mais estar neste país."

Jovens e estudantes tailandeses, que estiveram na vanguarda dos protestos de rua no ano passado, adotaram plataformas online como o Facebook, Twitter e a aplicação Clubhouse devido à proibição de grandes reuniões públicas por causa da pandemia. Essas aplicações também desempenharam um papel fundamental na condução dos protestos, que também exigiam a reforma da monarquia e a renúncia do primeiro-ministro Prayuth Chan-Ocha.

‘Grande Desilusão’

"Há uma grande desilusão. É uma resposta económica, política e ideológica ao que está a acontecer", disse Kevin Hewison, especialista em política tailandesa e professor emérito na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. "É uma forma de atacar politicamente o regime, sugerindo que há pessoas que perderam a fé."

Embora Prayuth não tenha feito nenhum comentário sobre a campanha online, o Ministério de Economia Digital e Sociedade da Tailândia disse que está a monitorizar o grupo de perto e pode tomar medidas legais contra qualquer conteúdo considerado ilegal.

O atual surto de coronavírus na Tailândia, que começou no início de abril, mais que duplicou o número de casos e mortes. O surto desencadeou medidas de contenção de negócios e viagens, levando a várias revisões em baixa nas previsões de crescimento do país para este ano. O ritmo lento de vacinação com oferta limitada pode atrasar a recuperação económica e os planos de reabertura do turismo, gerando perdas de empregos.

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