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Reforço de “stocks” salva investimento no primeiro trimestre

A segunda estimativa das Contas Nacionais mostra um contributo muito positivo do Investimento para o crescimento homólogo do PIB, mas essa variação foi empurrada pelo maior reforço de stocks das empresas desde 1995.

Bruno Simão/Negócios
09 de Junho de 2014 às 13:09
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Os dados publicados hoje, 9 de Junho, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que o produto interno bruto (PIB) cresceu 1,3% no primeiro trimestre de 2014, face ao mesmo período de 2013. Um resultado que se deveu a uma aceleração significativa da procura interna, que compensou o arrefecimento das exportações (e o aumento das importações).

 

Do lado da procura interna, o destaque vai para o investimento, com um crescimento de 12,2%, muito acima dos 0,9% observados no trimestre anterior. Esse aumento é eleito pelo INE como o principal motivo para o avanço da procura interna. No entanto, um olhar mais aprofundado para os números permite perceber que, apesar de o investimento ter crescido muito, a formação bruta de capital fixo avançou muito pouco e a um ritmo até inferior ao do trimestre anterior.

 

Porquê? A formação bruta de capital – aquilo que normalmente chamamos investimento – é constituída por três pilares: formação bruta de capital fixo (a construção de uma fábrica, a compra de camiões); aquisições líquidas de cessões de objectos de valor (activos não financeiros que servem como reservas, como obras de arte); e variação de existências (stocks).

 

A formação bruta de capital fixo é a fatia de leão do investimento, daí que muitas vezes a utilizemos para definir todo o bolo. As outras duas são significativamente mais pequenas. Contudo, desta vez importa olhar para o que aconteceu aos stocks com mais atenção, como o próprio INE alerta.

 

"No primeiro trimestre de 2014, assistiu-se a um crescimento acentuado do Investimento em volume, observando-se uma variação homóloga de 12,2% (0,9% no quarto trimestre). Contudo, a FBCF [formação bruta de capital fixo] total desacelerou no primeiro trimestre de 2014, passando de um aumento, em termos homólogos, de 3,6% no último trimestre de 2013

para 1,7%", pode ler-se na nota do INE.

 

E por que existe essa discrepância? Os técnicos do INE explicam logo a seguir: "Refira-se que a Variação de Existências apresentou um contributo positivo significativo para a variação homóloga do PIB no 1º trimestre,  contrariamente ao observado no trimestre precedente, destacando-se o aumento expressivo de existências de bens intermédios, em particular de produtos petrolíferos."

 

Olhando para a variação de existências, observa-se que os stocks cresceram 624 milhões de euros, o maior aumento trimestral desde que o INE tem registos (1995).

 

Numa análise por categorias de investimento, o destaque continua a ir para o equipamento de transporte, que cresceu 25,5%. Ainda assim, um abrandamento face aos 53,8% do trimestre anterior. O investimento em máquinas e equipamento também abrandou de 12,5% para 10,9% e a construção mantém a sua evolução no vermelho (-6,6% vs 6,3%).

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