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Redução de estímulos do BCE não preocupa Centeno

O titular das Finanças diz que há um ano que Portugal não beneficia do apoio do BCE - que tem vindo a reduzir o ritmo das compras de dívida portuguesa devido às regras do programa - e que o respaldo do banco central "já está reflectido no preço da nossa dívida."

Miguel Baltazar/Negócios
18 de Outubro de 2017 às 15:49
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O ministro das Finanças mostra-se "confortável" com a possibilidade de o Banco Central Europeu (BCE) poder vir a reverter o seu programa de compra de activos – que tem beneficiado os juros da dívida -, argumentando que a autoridade monetária já atingiu o limite para a quantidade de títulos portugueses que pode deter.

"Tecnicamente, isso já está reflectido no preço da nossa dívida, uma vez que há um ano que não temos o apoio do Banco Central Europeu. (…) Por isso, este é um ponto que nos dá conforto para diante," afirmou Mário Centeno em entrevista à Reuters.

De acordo com os dados de Setembro, o banco liderado por Mario Draghi comprou 494 milhões de euros em Obrigações do Tesouro portuguesas, o segundo valor mensal mais baixo desde o arranque do "quantitative easing", em Março de 2015. Isto porque uma das regras do programa de compras impede o Eurosistema de deter mais de 33% de uma linha de obrigações ou do total da dívida transaccionável de um país, limite que estava no final do mês passado próximo de ser atingido.

Em obrigações portuguesas, o total de compras realizado até ao final de Setembro pelo BCE era de 29.570 milhões de euros.

O Banco Central Europeu reúne na próxima semana, encontro onde se espera que seja analisada a retirada progressiva de estímulos. Segundo a Bloomberg, sobre a mesa poderá estar reduzir a metade - de 60 mil milhões de euros por mês para 30 mil milhões - do montante destinado a compras, mantendo porém por mais nove meses o programa de aquisições.

Na entrevista à Reuters, Centeno diz ainda esperar que medidas para limpar os balanços da banca de activos não performantes poderão, combinadas com o crescimento das exportações, ter um efeito positivo de meio ponto percentual na taxa de crescimento anual da economia, permitindo alcançar valores a rondar os 2% nos próximos cinco anos. Para o ano que vem a previsão é de que o PIB progrida 2,2%.

O ministro das Finanças reafirmou ainda a meta incluída no Programa de Estabilidade de reduzir para 120% do PIB o peso da dívida na economia em 2019 (dos 126,2% com que espera terminar este ano) e considerou um "excelente indicador" se conseguir levar o peso para um patamar abaixo desse valor antes do final desta legislatura.

No seguimento desse potencial sinal de consolidação, Centeno disse esperar que outras agências de notação financeira como a Fitch e a Moody’s sigam os passos da S&P, que já considera a dívida portuguesa no primeiro degrau de investimento.
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