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Portugal mais perto de registar primeiro défice externo desde 2011

O défice das contas externas é explicado sobretudo pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica viagens e turismo, de 6.523 milhões de euros.

O projeto de estratégia europeia para o turismo será alvo de propostas de alteração e votado em janeiro.
João Cortesão
18 de Novembro de 2020 às 11:40
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Tal como já tinha acontecido em agosto, Portugal conseguiu um saldo positivo nas contas externas no mês de setembro, mas a melhoria foi insuficiente para colocar o valor acumulado do ano em terreno positivo, pelo que a economia portuguesa está mais próxima de registar um défice externo pela primeira vez desde 2011.

 

Os dados do Banco de Portugal publicados esta quarta-feira, 18 de novembro, mostram que o saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se num valor negativo de 709 milhões de euros entre janeiro e setembro, o que compara com um excedente de 1.289 milhões de euros em igual período de 2019.

 

Até agosto (habitualmente o melhor mês para as contas externas portuguesas devido ao efeito do turismo) o saldo era ligeiramente mais negativo (-887 milhões de euros). Faltam ainda três meses para acabar o ano e se todos tiverem saldo positivo Portugal ainda pode evitar um défice externo, mas esse cenário parece nesta altura mais distante, até porque o quarto trimestre está a ser marcado por novas restrições à atividade económica.

 

Desde 2012 que as contas externas de Portugal registam um excedente, mas sem um perfil anual linear: o ano começa com um défice que depois passa a excedente no saldo acumulado no final do ano. A pandemia deverá alterar este comportamento, com os dados dos primeiros nove meses do ano a apontarem para o primeiro saldo anual negativo desde que Portugal pediu assistência financeira internacional em 2011.

 

A culpa é sobretudo do turismo, que está a registar uma forte travagem devido à pandemia.

 

As exportações de serviços (onde se inclui o turismo) afundaram 40,3% nos primeiros nove meses do ano, o que conduziu a um decréscimo de 7.733 milhões de euros no excedente da balança de serviços. "Esta redução foi maioritariamente justificada pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica viagens e turismo, de 6523 milhões de euros", explica o Banco de Portugal.

 

As exportações de bens desceram 22,9% no mesmo período, mas o défice da balança de bens até encolheu 3.887 milhões de euros, uma vez que as importações também registaram uma descida assinalável (16,1%).

 

Tendo em conta apenas o mês de setembro, as exportações e as importações de bens e serviços registaram decréscimos homólogos de 17,4% e 11,2% respetivamente, sendo que o saldo das viagens e turismo sofreu uma queda homóloga de 920 milhões de euros.

 

Na balança de rendimento primário o défice baixou 1.738 milhões de euros devido à "redução do pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residentes". Pela negativa, o excedente da balança de rendimento secundário decresceu 144 milhões de euros, "devido à evolução das transferências correntes".

 

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