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PIB de Portugal regista queda histórica de 7,6% em 2020 e Governo vê evolução "menos favorável" este ano
A quebra histórica do PIB não encontra precedentes na atual série estatística do INE e está relacionada com os efeitos da pandemia, que colocou o mundo numa recessão profunda. Ainda assim, no quarto trimestre o PIB registou um crescimento em cadeia e a evolução o ano passado foi menos má do que o previsto pelo Governo.
O produto interno bruto de Portugal sofreu em 2020 uma quebra de 7,6%, de acordo com a estimativa rápida publicada esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A quebra histórica do PIB não encontra precedentes na atual série estatística do INE e está relacionada com os efeitos da pandemia, que colocou o mundo numa recessão profunda, devido à contração acentuada das exportações e do consumo, que penalizaram sobretudo setores como o turismo, comércio e restauração.
A queda anual do PIB é a primeira desde 2013, ano em que a economia portuguesa contraiu 0,9%, no final de um ciclo de três anos de recessão devido ao pedido de assistência internacional.
Nesta estimativa rápida o INE não detalha as variações das diferentes componentes do PIB, mas escreve que "o contributo da procura externa líquida foi mais negativo em 2020, verificando-se reduções intensas das exportações e importações de bens e de serviços, com destaque particular para a diminuição sem precedente das exportações de turismo". No que diz respeito à procura interna "apresentou um expressivo contributo negativo para a variação anual do PIB, após ter sido positivo em 2019, devido, sobretudo, à contração do consumo privado".
Em reação aos números do INE, o Ministério das Finanças realça que "apesar da queda acentuada do PIB, a evolução reflete uma melhoria face à previsão apresentada pelo Governo no Orçamento do Estado
para 2021" e que "a atividade económica teve um comportamento melhor do que o anteriormente antecipado no segundo semestre do ano, com um crescimento de 5,1% face ao primeiro semestre".
Crescimento em cadeia no quarto trimestre
No que diz respeito ao quarto trimestre, a estimativa rápida do INE dá conta de um crescimento em cadeia de 0,4%, uma evolução que surpreende já que as restrições foram agravadas nesse período devido ao avanço da pandemia no país.
Os economistas apontavam para uma evolução mais fraca da economia no quarto trimestre, próxima da estagnação, ou mesmo evolução negativa. Entre os sete economistas contactados pela Bloomberg, todos apontavam para quebras em cadeia. O ponto médio era de -2%, com as projeções a oscilarem entre -3% e -1,6%.
Apesar da variação em cadeia ter sido positiva no quarto trimestre, foi bem menos intensa do que no trimestre anterior (crescimento de 13,3% no terceiro trimestre depois da quebra histórica de 13,9% no segundo trimestre). O crescimento em cadeia é explicado pelos "contributos positivos da procura interna e da procura externa líquida" e para já afasta o cenário de nova recessão técnica (variação negativa em dois trimestres).
Na comparação com o quarto trimestre de 2019 o PIB de Portugal recuou 5,9%, agravando a variação negativa de 5,7% no terceiro trimestre.
Para o desempenho no quarto trimestre, "o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB foi menos negativo que o observado no 3º trimestre, refletindo, em larga medida, a diminuição menos intensa do investimento, apesar da redução mais pronunciada do consumo privado", refere o INE.
Acrescenta que "a procura externa líquida apresentou um contributo mais negativo no quarto trimestre, verificando-se uma contração mais intensa das Exportações de Bens e Serviços que a observada nas Importações de Bens e Serviços".
Evolução "menos favorável" em 2021
Com Portugal de novo em confinamento e a passar pela fase mais grave da pandemia, as previsões para 2011 estão rodeadas de incerteza e há já economistas a apontar para uma nova quebra do PIB este ano. Mais certo é que o PIB do primeiro trimestre sofrerá uma nova contração homóloga.
uma evolução anual menos favorável do que anteriormente antecipado", refere o ministério de João Leão.
No Orçamento do Estado para 2021 o Governo antecipa um crescimento do PIB de 5,4%, que já bem mias favorável do que várias instituições. A Católica, por exemplo, já aponta para uma nova quebra do PIB em 2021.
Queda em 2020 menos grave do que o esperado pelo Governo
A quebra no PIB em 2020 acabou por ser menos grave do que a antecipada pelo Governo. O Executivo de António Costa estimava uma queda de 8,5% do PIB em 2020, uma décima abaixo das previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mas um número mais favorável que o previsto pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP), que apontava para uma uma queda de 9,3%.
Em abril, o Fundo Monetário Internacional previu uma recessão de 8% em 2020, números que foram revistos posteriormente, para uma recessão de 10,0%.
A Comissão Europeia estimou inicialmente uma contração da economia de 6,8%, mas as previsões atuais já apontam para uma quebra superior, de 9,3%, do PIB português.
O Banco de Portugal previu, em junho, uma recessão económica de 9,5% em 2020 devido à pandemia de covid-19, uma revisão atualizada em outubro e confirmada em dezembro, para uma recessão de 8,1%.
Os resultados detalhados das Contas Nacionais Trimestrais do quarto trimestre de 2020 serão divulgados no próximo dia 26 de fevereiro de 2021.
(notícia atualizada com comunicado do Ministério das Finanças)