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Investimento tem o maior crescimento em ano e meio
A formação bruta de capital fixo (FBCF), a que normalmente chamamos investimento, apresentou no quarto trimestre de 2016 a maior variação homóloga desde o segundo trimestre de 2015, mostram os dados publicados esta quarta-feira pelo INE. Ainda assim, isso não impediu uma queda de 0,3% quando se compara a totalidade de 2016 com 2015.
Foi preciso esperar até ao final do ano para o investimento dar sinais de vida. Depois de três trimestres consecutivos de quebras homólogas, a formação bruta de capital fixo (FBCF) regressou a terreno positivo nos últimos três meses do ano, com um crescimento de 3,9%. O maior em ano e meio.
Os números mostram que o investimento foi desacelerando ao longo de 2015, tendo atingido no primeiro trimestre de 2016 a sua maior quebra, com -2,5%. Seguiu-se uma recuperação lenta que só agora o trouxe novamente para o verde.
A recuperação do investimento tem vários responsáveis. Um deles é a construção. Tal como a FBCF total, a vertente construção registou três trimestres consecutivos de quebras, tendo agora recuperado para uma variação positiva de 1,7% (tinha caído 3,4% no trimestre anterior). Contudo, a construção não está sozinha nesta ajuda ao investimento. O equipamento de transporte também recuperou, dando um salto de 0,6% para 15,3% entre o terceiro e o quarto trimestre do ano. O valor de FBCF desta rubrica atingiu um máximo de seis anos.
Também o investimento em propriedade intelectual trouxe notícias positivas, com um crescimento de 0,9% (o maior em mais de dois anos), depois de uma contracção de 1,8% no trimestre anterior. De referir ainda que a FBCF em outras máquinas e equipamento manteve um crescimento forte no quarto trimestre, aumentando 6,9% (7% no trimestre anterior). O INE sublinha que esta rubrica foi penalizada pela venda de equipamento militar - os tão falados F-16 - à Roménia. O INE diz mesmo que essa operação deu um contributo negativo de -3,5 pontos percentuais para a evolução do segmento de outras máquinas e equipamentos na segunda metade do ano e de -0,9 pontos para investimento total. Ou seja, é considerado um desinvestimento na economia interna, dando por outro lado uma ajuda às exportações de bens (o impacto no PIB deverá ser nulo).
Recorde-se que o investimento tem sido um ponto sensível no debate entre o Governo e a oposição, com os segundos a apontarem os deficientes resultados dessa rubrica. Mesmo com um quarto trimestre forte, o investimento total em 2016 cai 0,3% face a 2015, ano em que cresceu 4,5%.
(Notícia actualizada: a construção não foi o principal factor por trás do crescimento do investimento, embora tenha também dado uma ajuda importante.)