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Impacto da guerra ainda não será claro no PIB do primeiro trimestre

O Fórum para a Competitividade admite que a economia portuguesa tenha começado a desacelerar por causa da invasão russa da Ucrânia, mas explica que a travagem ainda não será muito evidente nos números do PIB para o primeiro trimestre.

O trabalho a tempo parcial, baixas e greves podem ajudar a explicar os dados. Mas também há empresas que pagam abaixo do valor legal.
Pedro Catarino
O impacto da guerra na Ucrânia poderá não ser ainda muito evidente no PIB do primeiro trimestre na economia portuguesa, antecipa o Fórum para a Competitividade. Na nota de conjuntura divulgada esta segunda-feira, os economistas explicam que os primeiros efeitos só se começaram a sentir na segunda quinzena de março.

"Ainda que a guerra venha a enfraquecer a economia, por múltiplos canais, tal não será muito nítido nos dados do primeiro trimestre, mesmo se os primeiros dados quantitativos conhecidos apontem nesse sentido", indica a nota de conjuntura de março, divulgada em primeira mão pelo Eco, e a que o Negócios também já teve acesso.

Os economistas explicam que depois de ter enfraquecido em janeiro, no mês de fevereiro a economia portuguesa até melhorou, com os dados de atividade e os indicadores de confiança a darem esse sinal. Porém, com o início da guerra a 24 de fevereiro, instalou-se uma elevada incerteza e o forte aumento dos preços da energia. 

"Curiosamente, o indicador diário de actividade, calculado pelo Banco de Portugal, só começou a fraquejar a partir da segunda quinzena de Março. É possível que a surpresa inicial tenha provocado uma inércia inicial, sobre os consumos correntes", admitem os peritos.

Daí que a desaceleração do PIB do primeiro trimestre até possa ser contida: depois de um crescimento de 1,6% nos últimos três meses de 2021, a atividade deverá avançar até 1,5% no primeiro trimestre, em cadeia. O valor mínimo do intervalo de previsão do Fórum para a Competitividade é uma estagnação.

Em termos homólogos, os dados vão até dar a ideia de uma aceleração, mas é apenas fruto de um efeito estatístico provocado pelo facto da base de comparação ser muito baixa. O crescimento homólogo poderá situar-se entre 9% e 10,5%, mas é preciso ter em conta que o termo de comparação é o primeiro trimestre de 2021, quando a atividade económica contraiu 5,4%, conforme indica o INE, por causa do confinamento estrito para conter a pandemia. 

Segundo trimestre será o pior

O Fórum para a Competitividade sublinha que num cenário em que a guerra não se prolongue demasiado, os efeitos para a economia portuguesa serão limitados e nota que a maior parte das projeções, mesmo a nível internacional, exclui, por enquanto, um cenário de recessão das economias avançadas em 2022.

Sem apresentar ainda a sua própria projeção, e tomando como boas as hipóteses implícitas nas previsões já divulgadas por alguns organismos de monitorização, os economistas esperam que "a desaceleração mais forte seja vivida no segundo trimestre, seguindo-se uma recuperação nos trimestres seguintes."

"O Fórum para a Competitividade irá divulgar as suas novas previsões dentro de três semanas, com a sua publicação trimestral, Perspectivas Empresariais, esperando beneficiar de uma maior clarificação do conflito militar a ocorrer entretanto", lê-se na nota de conjuntura.
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