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Fórum para a Competitividade vê mais incerteza para subida do PIB acima de 2%

É esperado abrandamento no 1.º trimestre e incerteza aumentada até ao verão sob efeito da política comercial norte-americana. Demora na formação de novo Governo também pode prejudicar economia, alerta o Fórum.

Consumo privado terá mantido algum dinamismo no arranque de ano, mas menor do que no final de 2024. Vítor Mota
02 de Abril de 2025 às 11:51
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O Fórum para a Competitividade admite que seja possível à economia portuguesa crescer ainda acima de 2% neste ano, tal como perspetiva o Governo, mas sinaliza um aumento dos riscos, quer pela via do aumento das barreiras comerciais e incerteza gerada a partir da Casa Branca quer pelo efeito de eventuais demoras na formação de um novo Governo em Portugal.

"Para já, ainda parece possível crescer acima de 2% em 2025, mas tem que se sublinhar que o nível de incerteza está muito elevado", indica o Fórum em nota de conjuntura na qual atualiza as previsões de crescimento para o 1.º trimestre.

Face à evolução dos indicadores já conhecidos, a nota aponta agora para 0,3% a 0,6% de crescimento em cadeia do PIB no arranque do ano, numa desaceleração significativa após os 1,5% de subida do 4.º trimestre, marcado por uma subida significativa no rendimento disponível e consumo das famílias associado à revisão extraordinária das retenções na fonte de IRS e apoios a pensionistas.

Em termos homólogos, a previsão para o 1.º trimestre é de uma variação do PIB situada entre 2,5% e 2,8%.

"Neste primeiro trimestre, o consumo privado parece ter mantido um dinamismo significativo, mas não tão dinâmico como no final do ano, enquanto o sector da construção terá mantido um bom desempenho. As exportações começaram o ano de forma favorável, mas com uma volatilidade significativa", reflete a nota.

Já o 2.º trimestre "está a iniciar-se com uma incerteza muito elevada, decorrente das ainda pouco claras medidas do presidente dos EUA", que nesta quarta-feira irá anunciar um ronda de tarifas adicionais "recíprocas" visando o conjunto dos parceiros comerciais e importações dos Estados Unidos.

As decisões da política comercial norte-americana, refere o Fórum para a Competitividade, "estão a gerar riscos de estagflação para o seu próprio país, com reflexos negativos a nível global, sobretudo nos seus principais parceiros, como é o caso da UE". As possíveis retaliações por parte de Bruxelas, também, poderão agudizar o problema.

Num factor mais positivo, a nota destaca "boas notícias da Alemanha", "que se prepara para tomar o mais importante conjunto de medidas desde a reunificação".

Internamente, os potenciais resultados da antecipação de eleições legislativas para 18 de maio são outro factor de incerteza visto como capaz de penalizar o investimento.

"Esta incerteza política é negativa, mas o seu impacto depende de quanto tempo teremos de esperar até termos um novo governo. Se o resultado eleitoral for semelhante ao actual e se configurar a ideia de Montenegro continuar a ser primeiro-ministro, o Governo estará em gestão, mas pode ir avançando com os dossiers, porque será uma questão formal até à nova tomada de posse. Se houver mudança de governo, vai-se gastar mais tempo e aí os prejuízos económicos serão maiores. Muitas decisões de investimento serão adiadas, metas e marcos do PRR poderão ficar comprometidos, pode haver novo atraso na execução do PRR", acredita o Fórum.

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