Notícia
FMI agrava pessimismo e diz que recessão será de 10% em Portugal
O Fundo defende que os Governos devem considerar a possibilidade de subir impostos aos mais ricos, bem como garantir que as empresas pagam na medida dos seus lucros.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista quanto ao andamento da economia portuguesa: para este ano, a instituição liderada por Kristalina Georgieva espera uma recessão de 10%. Já para o PIB mundial, o cenário está menos grave. Os números foram publicados esta terça-feira, no World Economic Outlook de outubro.
A estimativa agora apresentada pelo FMI para Portugal compara com a projeção que tinha sido avançada logo em abril, quando a instituição antecipava uma contração de 8% do PIB. Agora, o cenário para a economia portuguesa agravou-se, dizem os peritos internacionais.
Esta projeção é a mais negativa de entre as apresentadas pelas principais instituições. A mais próxima é a da Comissão Europeia, que em julho apontou para uma recessão de 9,8%, seguindo-se a da OCDE (uma queda de 9,4%, prevista em junho) e a do Conselho das Finanças Públicas (que disse em setembro esperar uma contração de 9,3%). Mas o Banco de Portugal, por exemplo, melhorou em outubro a sua projeção, para uma queda de 8,1%.
Para 2021 o FMI espera que a economia portuguesa cresça 6,5%, mais do que os 5% que eram antecipados em abril. A inflação deverá ficar em zero este ano, subindo depois ligeiramente para 1,1% em 2021 e a taxa de desemprego deverá disparar para 8,1% em 2020 e recuar para 7,7% no próximo ano. A economia deverá ter uma balança de conta corrente mais negativa tanto em 2020 (-3,1%) como em 2021 (-3,5%), face a 2019 (-0,1).
A degradação do número para Portugal contrasta com a atualização feita em alta para o PIB mundial, que o FMI espera agora que caia 4,4%. A melhoria para a economia mundial está justificada por um segundo trimestre melhor do que o previsto, bem como em indicadores que sugerem uma recuperação melhor do que o esperado também para o terceiro trimestre.
Subir impostos a quem pode pagar mais
Perante a profunda recessão, o FMI indica que os Estados mais pequenos, e mais dependentes do turismo estão numa situação mais difícil e avisa que haverá perda de condições de vida, com aumento da pobreza e das desigualdades. Para os países mais endividados, o Fundo admite que se aumente a progressividade dos impostos, garantindo que quem tem mais suporte um custo superior da crise. Também sublinha que é importante que as empresas paguem uma fatia justa da crise, incentivando ao entendimento internacional para avançar com impostos digitais.
"Os Governos poderão precisar de considerar o aumento da progressividade dos impostos", lê-se no documento, "para os indivíduos mais ricos e para os que foram comparativamente menos afetados pela crise (incluindo aumentar os impostos nos escalões de rendimento mais elevados, propriedade de luxo e na riqueza), bem como alterações nos impostos para as empresas que garantam que pagam de acordo com os seus lucros", acrescentam os peritos.
Ao mesmo tempo, o FMI argumenta "a favor do investimento público" e pede que os Governos procurem aumentar o potencial de crescimento das suas economias, dando mais atenção à necessidade de combater as alterações climáticas.
Os riscos da conjuntura económica são "anormalmente elevados", indica o FMI, frisando que são no sentido descendente e muito dependentes da evolução da pandemia.
A estimativa agora apresentada pelo FMI para Portugal compara com a projeção que tinha sido avançada logo em abril, quando a instituição antecipava uma contração de 8% do PIB. Agora, o cenário para a economia portuguesa agravou-se, dizem os peritos internacionais.
Para 2021 o FMI espera que a economia portuguesa cresça 6,5%, mais do que os 5% que eram antecipados em abril. A inflação deverá ficar em zero este ano, subindo depois ligeiramente para 1,1% em 2021 e a taxa de desemprego deverá disparar para 8,1% em 2020 e recuar para 7,7% no próximo ano. A economia deverá ter uma balança de conta corrente mais negativa tanto em 2020 (-3,1%) como em 2021 (-3,5%), face a 2019 (-0,1).
A degradação do número para Portugal contrasta com a atualização feita em alta para o PIB mundial, que o FMI espera agora que caia 4,4%. A melhoria para a economia mundial está justificada por um segundo trimestre melhor do que o previsto, bem como em indicadores que sugerem uma recuperação melhor do que o esperado também para o terceiro trimestre.
JUST RELEASED: October 2020 World Economic Outlook. Global growth is projected at −4.4% in 2020 – an upward revision of 0.8% compared to our June update – and 5.2% in 2021, a little lower than in June. Read the latest #WEO. https://t.co/XMCO1emJHw pic.twitter.com/SlRuQMG0rr
— IMF (@IMFNews) October 13, 2020
Subir impostos a quem pode pagar mais
Perante a profunda recessão, o FMI indica que os Estados mais pequenos, e mais dependentes do turismo estão numa situação mais difícil e avisa que haverá perda de condições de vida, com aumento da pobreza e das desigualdades. Para os países mais endividados, o Fundo admite que se aumente a progressividade dos impostos, garantindo que quem tem mais suporte um custo superior da crise. Também sublinha que é importante que as empresas paguem uma fatia justa da crise, incentivando ao entendimento internacional para avançar com impostos digitais.
"Os Governos poderão precisar de considerar o aumento da progressividade dos impostos", lê-se no documento, "para os indivíduos mais ricos e para os que foram comparativamente menos afetados pela crise (incluindo aumentar os impostos nos escalões de rendimento mais elevados, propriedade de luxo e na riqueza), bem como alterações nos impostos para as empresas que garantam que pagam de acordo com os seus lucros", acrescentam os peritos.
Ao mesmo tempo, o FMI argumenta "a favor do investimento público" e pede que os Governos procurem aumentar o potencial de crescimento das suas economias, dando mais atenção à necessidade de combater as alterações climáticas.
Os riscos da conjuntura económica são "anormalmente elevados", indica o FMI, frisando que são no sentido descendente e muito dependentes da evolução da pandemia.