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Economias avançadas em risco de entrarem numa era de permanente inflação elevada, alerta BIS

O Banco de Pagamentos Internacionais afasta, para já, um cenário de estagflação semelhante ao da década de 1970, mas pede uma ação mais agressiva da parte dos bancos centrais.

Preços dos produtos alimentares primários também estão a ser pressionados. Efeito tenderá a passar para o consumidor final.
Andrew Kelly/Reuters
26 de Junho de 2022 às 12:36
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As chamadas economias avançadas podem estar prestes a entrar numa armadilha da inflação em que o aumento de preços é constante e com dificuldades em travar essa dinâmica, alertou este domingo o Banco de Pagamentos Internacionais (Bank for International Settlements, ou BIS, na sigla inglesa).


De acordo com o relatório anual, o BIS - o banco dos bancos centrais - a prioridade imediata da política monetária é trazer a inflação para "níveis baixos e estáveis". Uma tarefa que poderá ser mais difícil, admite o BIS, pois é necessário "minimizar o impacto na atividade económica" e ao mesmo tempo que "salvaguarda a estabilidade financeira".


A solução, aponta o diretor-geral do BIS, passa por uma "ação rápida e decisiva antes que a inflação se instale" na economia. "Se isso acontecer, os custos de a controlar serão maiores. Os benefícios de longo prazo de preservar a estabilidade para famílias e empresas superam quaisquer custos de curto prazo", avisou Agustín Carstens.


A dinâmica de inflação generalizada que se agravou com a guerra na Ucrânia é visível no número de países que registava uma variação de preços acima de 5% no final de abril deste ano. De acordo com os cálculos do BIS, 85% das economias avançadas registava um valor daquela magnitude. Nas economias emergentes, a cifra situava-se na casa dos 60%.



Risco de estagflação?

O Banco de Pagamentos Internacionais acredita, por outro lado, que o perigo de estagflação está, para já, afastado. "Uma repetição da estagflação dos anos 1970 é improvável devido à melhoria da política monetária e aos quadros macroprudenciais", refere no comunicado divulgado este domingo. A estas duas soma-se a "menor dependência energética". Mas fica o alerta para as "vulnerabilidades financeiras", em concreto a "dívida elevada" e os preços sobrevalorizados de ativos que podem "ampliar qualquer abrandamento."

Em todo o caso, reconhece um "choque ‘stagflacionário’" que se agravou com o conflito na Ucrânia e que já vinha detrás, devido aos constrangimentos nas cadeias de abastecimento e na falta de matérias-primas.

A atual situação "reflete, em grande medida, a natureza única da recessão da covid-19 e a subsequente expansão, o que levou a pressões inflacionistas mais elevadas, a par de elevadas vulnerabilidades financeiras, nomeadamente o elevado endividamento num contexto de aumento dos preços das casas", refere o relatório do BIS. 


É uma "combinação sem precedentes", indica a instituição sediada em Basileia, na Suíça. "Antes de meados da década de 1980, as recessões eram geralmente precedidas por uma elevada inflação e por uma política monetária mais restritiva associada" e assume que "a ausência de paralelismos históricos torna as previsões altamente incertas". 


E conclui que "no mínimo, será necessário um período de crescimento abaixo da tendência para devolver a inflação a níveis aceitáveis. Mas um abrandamento modesto pode não ser suficiente", sugerindo que podemos estar prestes a entrar em período de recessão.

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