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Economias avançadas em risco de entrarem numa era de permanente inflação elevada, alerta BIS
O Banco de Pagamentos Internacionais afasta, para já, um cenário de estagflação semelhante ao da década de 1970, mas pede uma ação mais agressiva da parte dos bancos centrais.
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As chamadas economias avançadas podem estar prestes a entrar numa armadilha da inflação em que o aumento de preços é constante e com dificuldades em travar essa dinâmica, alertou este domingo o Banco de Pagamentos Internacionais (Bank for International Settlements, ou BIS, na sigla inglesa).
De acordo com o relatório anual, o BIS - o banco dos bancos centrais - a prioridade imediata da política monetária é trazer a inflação para "níveis baixos e estáveis". Uma tarefa que poderá ser mais difícil, admite o BIS, pois é necessário "minimizar o impacto na atividade económica" e ao mesmo tempo que "salvaguarda a estabilidade financeira".
A solução, aponta o diretor-geral do BIS, passa por uma "ação rápida e decisiva antes que a inflação se instale" na economia. "Se isso acontecer, os custos de a controlar serão maiores. Os benefícios de longo prazo de preservar a estabilidade para famílias e empresas superam quaisquer custos de curto prazo", avisou Agustín Carstens.
A dinâmica de inflação generalizada que se agravou com a guerra na Ucrânia é visível no número de países que registava uma variação de preços acima de 5% no final de abril deste ano. De acordo com os cálculos do BIS, 85% das economias avançadas registava um valor daquela magnitude. Nas economias emergentes, a cifra situava-se na casa dos 60%.
Risco de estagflação?
O Banco de Pagamentos Internacionais acredita, por outro lado, que o perigo de estagflação está, para já, afastado. "Uma repetição da estagflação dos anos 1970 é improvável devido à melhoria da política monetária e aos quadros macroprudenciais", refere no comunicado divulgado este domingo. A estas duas soma-se a "menor dependência energética". Mas fica o alerta para as "vulnerabilidades financeiras", em concreto a "dívida elevada" e os preços sobrevalorizados de ativos que podem "ampliar qualquer abrandamento."
Em todo o caso, reconhece um "choque ‘stagflacionário’" que se agravou com o conflito na Ucrânia e que já vinha detrás, devido aos constrangimentos nas cadeias de abastecimento e na falta de matérias-primas.
A atual situação "reflete, em grande medida, a natureza única da recessão da covid-19 e a subsequente expansão, o que levou a pressões inflacionistas mais elevadas, a par de elevadas vulnerabilidades financeiras, nomeadamente o elevado endividamento num contexto de aumento dos preços das casas", refere o relatório do BIS.
É uma "combinação sem precedentes", indica a instituição sediada em Basileia, na Suíça. "Antes de meados da década de 1980, as recessões eram geralmente precedidas por uma elevada inflação e por uma política monetária mais restritiva associada" e assume que "a ausência de paralelismos históricos torna as previsões altamente incertas".
E conclui que "no mínimo, será necessário um período de crescimento abaixo da tendência para devolver a inflação a níveis aceitáveis. Mas um abrandamento modesto pode não ser suficiente", sugerindo que podemos estar prestes a entrar em período de recessão.