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Défice comercial não se agravava tanto desde 2008

Entre Janeiro e Junho deste ano, o défice comercial português aumentou 20,4% face ao mesmo período do ano passado, o maior agravamento deste indicador dos últimos seis anos.

Miguel Baltazar/Negócios
08 de Agosto de 2014 às 13:37
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É preciso recuar até Junho de 2008 para encontrar um maior aumento relativo do défice comercial português. Nos primeiros seis meses de 2014, a diferença entre as exportações e as importações portuguesas ascendia a mais de 4,8 mil milhões de euros, quando no mesmo período de 2013 estava pouco acima dos quatro mil milhões de euros. A diferença corresponde a um agravamento de 20,4% do desequilíbrio comercial da economia portuguesa face ao exterior e interrompe um ciclo de três anos consecutivos com melhorias do saldo comercial.

 

Este resultado é justificado por um arranque de ano muito negativo para as exportações portuguesas – que estão a crescer apenas 0,5% -, mas também devido a uma aceleração das importações, relacionada com a retoma do consumo das famílias e do investimento das empresas. Mesmo num mês excelente para a venda de bens ao exterior como foi Junho (crescimento de 8%), as importações avançaram a um ritmo ainda mais rápido (9,6%), contribuindo para um aprofundamento do défice comercial. Desde o início do ano estão a crescer 3,4%.

 

Nestes números não estão incluídas as exportações de serviços, onde Portugal tem tido resultados positivos, devido ao crescimento da actividade turística. No entanto, essas "vendas" representam apenas um terço das exportações totais.

 

O saldo comercial é a principal componente do saldo da balança corrente, normalmente referido como saldo externo. O equilíbrio desse indicador era um dos pilares do programa de ajustamento da troika e serve como métrica para a solidez e sustentabilidade da economia portuguesa. As Contas Nacionais do primeiro trimestre do ano já tinham dado o alerta: Portugal voltou a ter um défice externo nos primeiros três meses do ano.

 

O crescimento de 0,5% das exportações entre Janeiro e Junho está muito longe das previsões oficiais. Na 11.ª avaliação da troika ao programa de ajustamento português, o FMI antecipava um crescimento de 4,6% das exportações de bens. Já as últimas previsões oficiais da Comissão Europeia esperavam um valor ainda mais alto: 5,1%. A categoria de produto que está a ter a maior contracção são os combustíveis que, até Junho, regista uma contracção de 30%, muito influenciada pelo encerramento temporário da refinaria da Galp, em Sines. Mas não é o único a desapontar. A venda de produtos alimentares e bebidas está a crescer a metade do ritmo de 2013.

 

Entre as importações, as categorias com crescimento mais elevado são máquinas e material de transporte, com variações de 8,6% e 24,2%, respectivamente.

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