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Comissão Europeia mantém previsão para PIB da Zona Euro, mas coronavírus é um "risco substancial"

A Comissão Europeia manteve a previsão de crescimento do PIB da Zona Euro nos 1,2% tanto em 2020 como em 2021. Contudo, Bruxelas identifica agora o coronavírus como um "novo risco" a estas projeções.

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13 de Fevereiro de 2020 às 10:14
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A economia da Zona Euro vai crescer 1,2% este ano e no próximo, mantendo o ritmo de 2019. No entanto, há um "novo risco" no horizonte: o coronavírus, palavra que passou a ter oito menções no documento das previsões da Comissão Europeia.

As previsões constam das previsões económicas intercalares de inverno que o braço executivo da União Europeia divulgou esta quinta-feira, 13 de fevereiro. O crescimento de 1,2% para 2020 e 2021 já era esperado nas anteriores projeções divulgadas no outono.

Ainda que alguns riscos no horizonte das projeções tenham atenuado, como é o caso da tensão comercial entre os EUA e a China e o perigo de saída desordenada do Reino Unido, a balança continua a apontar mais para surpresas negativas do que para positivas. 

A novidade é que a Comissão Europeia já integra neste relatório mais um risco descendente: o potencial impacto económico do coronavírus. "O surto do coronavírus '2019-nCoV' com as suas implicações para a saúde pública, atividade económica e comércio, especialmente na China, é um novo risco descendente. O pressuposto é que o surto tenha um pico no primeiro trimestre [de 2020], com repercussões relativamente limitadas a nível mundial". 

Contudo, "quanto mais tempo durar, maior é a probabilidade de efeitos de arrastamento no sentimento económico e nas condições financeiras mundiais", refere a Comissão Europeia no relatório. Este impacto poderá ser particularmente relevante porque, nota Bruxelas, a atividade industrial mundial já está num nível baixo.

Os técnicos da Comissão admitem que o impacto económico noutros países (que não da Zona Euro) "pode ser maior e mais duradouro se as infeções se espalharem a nível global ou se houver repercussões relacionadas com disrupções nas cadeias de valor mundiais, o que é difícil de antecipar". A maior economia da Zona Euro, a Alemanha, que é muito dependente das exportações, é um dos países mais expostos.

Apesar de já se temer o efeito deste surto a vários níveis, o comissário europeu para a economia, Paolo Gentiloni, mete água na fervura: "Quanto ao coronavírus, é demasiado cedo para avaliar o grau do seu impacto económico negativo". Neste momento, qualquer avaliação do impacto deste surto está sujeita a uma "grande incerteza". Ainda assim, o comissário classificou o risco de "substancial".

Posteriormente, na conferência de imprensa, Gentiloni admitiu que as previsões podem vir a ser atualizadas assim que houver mais dados sobre o coronavírus, o que deverá ser possível nos próximos meses. Mas o comissário europeu argumentou que não é possível comparar esta situação com um surto semelhante em 2003 uma vez que, nesse ano, a integração e importância da China na economia mundial era muito menor. Por exemplo, atualmente 18% da despesa mundial em viagens é realizada pelos consumidores chineses. 

Alemanha acelera em 2020 e compensa travagens noutros países
A Comissão Europeia prevê que a economia alemã acelere de um crescimento de 0,6% em 2019 para 1,1% em 2020 e 2021. Nas previsões de Bruxelas, a Alemanha é um dos poucos países que acelera, permitindo manter a economia europeia a crescer ao mesmo ritmo do ano passado. 

Há ainda o caso da Grécia que acelera de 2,2% em 2019 para 2,4% em 2020 e de Itália que acelera de 0,2% para 0,3%. Há ainda acelerações na Letónia e na Eslovénia. Os restantes países da Zona Euro, incluindo Portugal, vão desacelerar em 2020. 

Ainda assim, o PIB da área do euro deverá crescer 1,2%, abaixo dos 1,4% estimados para o conjunto da União Europeia (já sem o Reino Unido). De acordo com a Comissão Europeia, este é o maior período de crescimento sustentado desde que o euro foi introduzido em 1999. 

Na avaliação dos peritos de Bruxelas, o enquadramento externo continuará a ser desafiante para os países europeus, mas a criação de emprego, o aumento dos salários e a tónica expansionistas do 'mix' de políticas (monetária e orçamental) deverão ajudar a economia europeia a continuar a crescer. 

O consumo privado e o investimento, "particularmente no setor da construção", vão continuar a dar gás à economia. No caso do investimento público este será especialmente focado nos "transportes e na infraestrutura digital", aumentando "significativamente" num número de Estados-membros.

"Em conjunto com os sinais preliminares de estabilização no setor transformador, uma possível recuperação do declínio dos fluxos de comércio globais deverá permitir à economia europeia continuar a expandir-se", escreve a Comissão Europeia, referindo que, "ao mesmo tempo, estes fatores parecem ser insuficientes para levar o crescimento para uma maior velocidade".

(Notícia atualizada às 10:46 com declarações sobre o coronavírus)
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