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Centeno satisfeito com decisões de política monetária do BCE: "São boas notícias"

O governador do Banco de Portugal diz que o fim do programa de compras pandémicas já estava previsto e que é "bom quando as políticas se mantêm". Mas frisa que em todo o caso foi garantida "flexibilidade".

MANUEL DE ALMEIDA
17 de Dezembro de 2021 às 13:19
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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, mostrou-se esta sexta-feira satisfeito pelas decisões de política monetária adotadas ontem pelo Banco Central Europeu, incluindo-se assim na "maioria" de governadores que concordou com o fim do programa de compra de ativos de emergência pandémica e o alargamento da sua fase de reinvestimento. As decisões comunicadas pela presidente Christine Lagarde reforçam a "flexibilidade" da política monetária, mas dão início à progressiva retirada de estímulos, criando um ambiente mais exigente para países de elevada dívida, como é o caso de Portugal.

Foram medidas "na continuidade de decisões anteriores" e que trazem "boas notícias para a área do euro, que é permitirem a manutenção da política que tinha sido desenhada", reagiu Mário Centeno, na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de Dezembro do banco central português, em Lisboa.

O governador português mostrou-se totalmente alinhado com as decisões comunicadas pelo BCE, confirmando que fez parte da maioria que apoiou as medidas e sublinhando que foi "uma larga maioria". Centeno frisou que "pela primeira vez em muitos anos" o BCE aponta para projeções de inflação de médio prazo em torno de 2%, uma ancoragem que não foi conseguida na última década. 

"São boas notícias para a política monetária e para a área do euro e de como o BCE vê o seu mandato de estabilização dos preços", defendeu Centeno. "A decisão foi tomada e bem tomada", reafirmou.

Sobre o risco de deixar uma economia como a portuguesa mais exposta a possíveis subidas dos custos de financiamento – na medida em que as compras líquidas de ativos em mercado secundário vão abrandar já a partir de janeiro, passando para menos de metade a partir de abril –, Mário Centeno reconheceu a importância de garantir uma trajetória descendente da dívida pública portuguesa e reforçou o alerta que já tinha feito durante a conferência: "Estar em 2024 no mesmo nível de dívida de 2019 é uma condição sine qua non para a dívida portuguesa se manter sustentável" – as projeções atuais apontam neste sentido.

Mas desvalorizou riscos acrescidos que resultem da orientação da política monetária. "Portugal tem uma avaliação na dívida pública já distinta nos mercados", assinalou. "Alterámos o diferencial face a Itália, face a Espanha, aproximamo-nos muito das quedas de diferencial de taxa", explicou. E garantiu: "Estou em crer, absolutamente seguro, de que esse objetivo vai continuar a guiar as medidas de política que o BCE tem vindo a implementar."
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