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Centeno avisa que subida continuada do salário mínimo pode pressionar os preços

A transmissão da subida de preços aos salários é um dos riscos identificados pelo Banco de Portugal para o andamento da economia portuguesa.

Duarte Roriz
17 de Dezembro de 2021 às 12:30
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"A evolução e a dinâmica incutidas ao salário mínimo nacional pode ter esse efeito negativo no indicador da inflação e é isso que sinalizamos", avisa Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de Dezembro, esta sexta-feira, em Lisboa. O responsável diz que por enquanto não se identifica uma transmissão da subida de preços aos salários, mas nota que faz parte da sua função "sinalizar" possíveis pressões.

"Os salários são sempre uma fonte de preocupação pela dinâmica que podem incutir aos preços", explica o governador. "Não vemos essa dinâmica acontecer, nem na zona euro, nem em Portugal, mas devemos sinalizar as possíveis pressões que se possam colocar", adianta, corroborando a ideia de que a subida prevista para a remuneração mínima mensal nos próximos anos constitui um risco.

Apesar da dissolução da Assembleia da República e da marcação de eleições antecipadas para o próximo dia 30 de janeiro, o Governo de António Costa já disse que para 2022 quer manter a subida do salário mínimo para os 705 euros mensais. O objetivo do Executivo socialista seria continuar com subidas sucessivas, até atingir os 850 euros mensais em 2025.

O Executivo socialista também reafirmou a intenção de atualizar os salários aos funcionários públicos em 0,9%, apontando como referência a subida de preços verificada em 2021.

"Os salários com que trabalhamos são os de todos os setores, incluindo função pública e privado e a preocupação é genérica", acrescentou ainda Centeno. "Tem a ver com esta preocupação na dinâmica dos preços e sabemos qual é o impacto dos preços no bem-estar dos agentes económicos, em particular quando sobem de forma muito marcada", explicou o governador, frisando: "Espirais em que os preços são alimentados por aumentos salariais que, por sua vez, retroalimentam-se uns aos outros, não são desejáveis e devem ser evitados."

Preços aceleram no próximo ano
Nas novas projeções para a economia portuguesa, o Banco de Portugal duplicou a expectativa para a taxa de inflação em 2022, dos anteriores 0,9% para 1,8%.

Mário Centeno explicou que, ainda assim, a taxa de inflação em Portugal continua "contida" quando comparada com o contexto europeu e, excluindo os bens energéticos, sobe para 1,5%. Na análise do Banco de Portugal está subjacente a hipótese de regressão destes aumentos ao longo do próximo ano, um sinal que o governador diz já estar a ser dado "há algumas semanas" pelos mercados de futuros.

Esta quinta-feira, os economistas dos Banco Central Europeu também atualizaram projeções, tendo revisto em forte alta a projeção para a taxa de inflação em 2022 na zona euro, que deverá atingir os 3,2%.

(Notícia atualizada às 12:35)
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