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Católica vê Portugal crescer menos de 1% este ano
A economia portuguesa está praticamente estagnada. Segundo o NECEP o PIB terá avançado apenas 0,1% em cadeia no segundo trimestre deste ano e, para a totalidade de 2016, deverá crescer apenas 0,9%. O défice? A Católica espera que fique acima dos 3%.
Os economistas da Universidade Católica estão mais pessimistas sobre a evolução da economia nacional este ano. Segundo as previsões actualizadas do Núcleo de Estudos sobre a Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), o produto interno bruto (PIB) deverá crescer apenas 0,9% em 2016, metade do valor inscrito pelo Governo no Orçamento do Estado. E mesmo esta estimativa apresenta riscos descendentes, conclui a Folha Trimestral de Conjuntura do NECEP.
Estes 0,9% representam uma revisão em baixa de 0,4 pontos percentuais face à previsão realizada pelo NECEP há apenas três meses e é mais pessimista do que as últimas estimativas de organizações internacionais. Ao contrário do que se esperava, depois de um primeiro trimestre bastante frágil, o NECEP não vê a economia nacional recuperar entre Abril e Junho. O PIB deverá ter crescido apenas 0,1% em cadeia e 0,7% em termos homólogos.
O que significa que "a economia está praticamente estagnada desde o segundo semestre de 2015", referem os economistas da Católica. "Os riscos para a economia são agora predominantemente descendentes, destacando-se uma forte preocupação com a evolução do investimento que voltou a recuar no início do ano, sugerindo que o processo de recuperação da economia portuguesa sofreu uma interrupção."
Além de uma primeira metade do ano muito frágil, o NECEP sublinha que a sua revisão em baixa do crescimento reflecte também os riscos internos relacionados com o sistema financeiro e o controlo orçamental, bem como o impacto do Brexit. O défice orçamental não ficará abaixo do limite de 3% exigido para sair do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE).
"Os principais riscos da economia portuguesa continuam a ser de natureza financeira, quer os relativos à capitalização do sector bancários, quer ao processo de consolidação das finanças públicas, que deixou de ser uma prioridade de política económica para o Governo", pode ler-se no documento. "Na perspectiva do NECEP, os valores nominais para o défice orçamental em 2016 ficarão acima do limiar de 3%, o que irá provavelmente obrigar a que os próximos dois orçamentos tenham medidas significativas de consolidação orçamental."
E não é apenas 2016 que será desapontante. Para 2017, o NECEP espera um crescimento de apenas 1,1% (revisão em baixa de 0,6 pontos) e para 2018 1,4% (também menos 0,6 pontos). Estes valores baixos são justificados com a necessidade de compensar em 2017 e 2018 o desvio orçamental que a Católica espera para este ano.