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Católica melhora previsão de crescimento do PIB para 1,7%
A nova estimativa da Católica situa-se acima da previsão do Governo para este ano e é também a mais optimista entre as várias organizações que acompanham a economia portuguesa.
A economia portuguesa terá crescido 1,3% no ano passado e deverá registar uma expansão de 1,7% este ano, de acordo com novas estimativas da Católica-Lisbon Forecasting Lab – Necep.
No relatório do quarto trimestre, publicado esta quarta-feira, 18 de Janeiro, a Católica revê em alta as suas estimativas para a economia portuguesa, devido sobretudo à "surpresa positiva dos últimos dados do PIB divulgados pelo INE, relativos ao terceiro trimestre de 2016". O PIB cresceu 0,8% em cadeia no terceiro trimestre.
A Católica estima que o PIB de Portugal, no quarto trimestre, tenha crescido 0,6% face ao trimestre anterior e 1,8% em termos homólogos. A confirmar-se esta estimativa, a economia portuguesa terá crescido 1,3% no ano passado, o que traduz uma revisão em alta de 0,4 pontos percentuais face à anterior estimativa da Católica.
Esta previsão situa-se acima da actual projecção que o Governo, que aponta para um crescimento do PIB de 1,2%.
As estimativas para 2017 também foram revistas em forte alta, com a Católica apontar para um crescimento de 1,7%, acima das estimativas do Governo (1,5%) e de outros organismos (CFP: 1,3%; Comissão Europeia e OCDE: 1,2%; FMI:1,3% e Banco de Portugal: 1,4%).
A Católica alerta que "a estimativa ora avançada para o crescimento trimestral do PIB encerra a incerteza adicional de poder reflectir um estímulo orçamental e não tanto uma dinâmica subjacente mais forte da economia", sendo que "num contexto de relativa ‘neutralidade’ do Orçamento do Estado para 2017, é de esperar uma propagação deste efeito ao primeiro semestre do corrente ano, com a manutenção de variações homólogas do PIB no limiar dos 2%".
É este efeito positivo que a Católica estima que vá influenciar de forma positiva o desempenho da economia portuguesa em 2017. "Passados estes efeitos pontuais, é de esperar o retorno a uma trajectória de crescimento moderado, projectando-se um crescimento do PIB em torno de 1,4% em 2018 e 2019", acrescenta.
Dívida elevada e investimento fraco são riscos
A Católica adverte que a economia portuguesa enfrenta vários riscos, destacando os "relativos à capitalização do sector bancário" e ao "processo de consolidação das finanças públicas".
No que diz respeito às contas públicas a Católica assinala que a meta do governo para o défice orçamental em 2016 (2,4% do PIB) "afigura-se alcançável, mas os documentos oficiais divulgados publicamente não explicam, de forma clara, como será atingido".
Um dos riscos identificados é a manutenção da dívida pública em valores acima de 130% do PIB "num contexto de crescente pressão sobre os juros permanece como um risco latente que pode condicionar, em particular, o financiamento do investimento".
A manutenção da fragilidade do investimento "continua a ser, aliás, o principal motivo de preocupação", sendo que "as perspectivas de crescimento moderado do produto no horizonte de previsão decorrem, também, do comportamento decepcionante da formação bruta de capital fixo que deverá ter recuado no ano passado face a 2015".
Apesar de salientar que a conjuntura externa está actualmente "mais benigna", o processo em torno do Brexit permanece incerto, "não sendo ainda completamente claro qual poderá ser o seu impacto em termos da economia europeia e mundial".