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Capitalização das empresas portuguesas nunca foi tão alta

As empresas portuguesas estão menos endividadas e mais rentáveis, mostram os dados revelados pelo Banco de Portugal relativos ao primeiro trimestre.

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17 de Julho de 2017 às 15:20
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O reduzido nível de capitalização das empresas portuguesas tem sido repetidamente apontado como um dos problemas mais graves do tecido empresarial nacional, que apresenta uma forte alavancagem e elevada dependência de empréstimos bancários.

 

Os dados revelados pelo Banco de Portugal esta segunda-feira, 17 de Julho, mostram uma melhoria das empresas portuguesas ao nível da capitalização, bem como de outros indicadores.

 

A autonomia financeira das empresas portuguesas (medida pela relação entre o capital próprio e o total do activo) atingiu 35,6% no primeiro trimestre, o que representa o valor mais elevado desde que o Banco de Portugal recolhe estes dados (2006).

 

Na comparação com o quarto trimestre de 2016 a melhoria é de duas décimas e face ao período homólogo é de sete décimas. A tendência de melhoria neste indicador tem sido quase constante ao longo dos últimos trimestres, sobretudo desde o mínimo abaixo de 32% fixado no final de 2012.


Com as empresas a reforçarem os níveis dos capitais próprios, o peso do financiamento tem vindo a baixar. Uma evolução que levou a que o capital próprio apresente já um peso que se aproxima crédito. Os financiamentos tinham um peso de 36,4% no total do activo no primeiro trimestre, um rácio que traduz uma melhoria de três décimas face a Dezembro de 2016. Em 2014 o peso do capital próprio era de 32,7% e dos financiamentos de 38,8%. Nesse ano a diferença entre os dois indicadores era de mais de seis pontos percentuais e hoje é inferior a 1 ponto percentual.

 

O reforço da autonomia financeira das empresas é relevante para ganharem músculo financeiro para novos investimentos, ao mesmo tempo que reduzem a dependência dos bancos e fincam com maior margem de manobra para contratar novos financiamentos a custos mais baixos.

 

Rendibilidade melhora para máximo de seis anos

 

Mas não é apenas na autonomia financeira que as empresas portuguesas estão a dar sinais positivos. O indicador de rendibilidade também melhorou no primeiro trimestre, atingindo mesmo o nível mais elevado desde o segundo trimestre de 2011.

 

A rendibilidade bruta do activo (medida pela relação entre o EBITDA e o total do activo) das empresas não financeiras situou-se em 7,1% no primeiro trimestre. Contra os três meses anteriores a melhoria foi de uma décima e contra o período homólogo de três décimas.

 

O Banco de Portugal assinala que "a rendibilidade aumentou na generalidade dos sectores de actividade, com excepção da electricidade e das empresas públicas".

 

O rácio de 7,1% registado no primeiro trimestre é o mais elevado desde o segundo trimestre de 2011 (7,9%). Foi precisamente nessa altura que Portugal solicitou assistência financeira internacional e desde então a rendibilidade das empresas portuguesas registou uma queda acentuada, até atingir um mínimo de 4,1% no primeiro trimestre de 2013. Desde então iniciou uma trajectória de recuperação, que se tem notado em quase todos os trimestres.

 

A redução do recurso ao crédito por parte das empresas portuguesas, conjugado com a melhoria da rendibilidade, reflecte-se também na evolução positiva doutros indicadores relevantes para analisar a saúde financeira as empresas portuguesas.

 

É o caso do rácio entre o EBITDA e os juros suportados, que reflecte o peso do custo da dívida nos resultados gerados pela empresa. Este indicador situou-se em 5,9, o que traduz uma melhoria de duas décimas face aos três meses anteriores e de 9 décimas face ao período homólogo. "As indústrias e o comércio continuaram a apresentar valores superiores para este rácio, 13,6 e 10,8 respectivamente, o que significa que estavam sob menores níveis de pressão financeira do que os outros sectores", refere o Banco de Portugal.

 

No que diz respeito ao custo do financiamento das empresas não financeiras (medido pelo rácio dos juros suportados sobre os financiamentos obtidos) estabilizou no primeiro trimestre em 3,3%.

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