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Bini Smaghi nega que se possa afastar hipótese de guerra cambial
O antigo membro do conselho de governadores do BCE escreveu um artigo de opinião em que defende que não se pode desmentir que existe o risco de uma guerra cambial, ao contrário das declarações políticas feitas depois das reuniões do G-20 e G7.
18 de Fevereiro de 2013 às 18:22
Lorenzo Bini Smaghi, que foi membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), alertou para o risco de que ocorra uma guerra cambial num artigo de opinião publicado no “Financial Times”. O artigo responde aos responsáveis que, nas conferências do Grupo das Sete (G7) e do Grupo das 20 (G20), tentaram relativizar o risco de uma guerra cambial.
Smaghi contrapõe “já não existe uma perspectiva partilhada entre as maiores potências industriais sobre que papel a política monetária deve ter no ambiente actual.” E basta que um banco central siga uma política de desvalorização cambial para que todos os outros tenham um incentivo forte a implementar a mesma política.
Para o economista, o facto de algumas economias estarem a considerar depreciar a sua moeda deixa parceiros económicos com uma única opção racional, que consiste em implementar a mesma política de compra de activos e baixa dos juros. Esta política passa por pressionar os rendimentos de activos financeiros sem risco para níveis muito baixos, até abaixo da inflação, durante um período prolongado e levando os agentes económicos a procurarem activos de risco.
Recentemente, os responsáveis por política monetária revelaram ter posturas distintas. O Japão afirmou que pretende reduzir o valor do iene, enquanto o presidente do Bundesbank, e influente membro do conselho do BCE, afirmou que as taxas de câmbio não serão tomadas em conta aquando das decisões de política monetária, na Zona Euro.
Contudo, Bini Smaghi defende que assim que uma economia avance para a redução das taxas de câmbio, as economias suas parceiras terão um incentivo para fazer o mesmo. Só será alcançada a “paz cambial” quando todos os países seguirem a mesma política, adverte.
“O resultado mais provável da paz [no mercado] de divisas que resultaria duma tentativa global dos bancos centrais de reprimir [a rendibilidade] dos detentores de activos financeiros seria uma nova corrida no sentido da tomada de risco por todo o mundo”, advoga Bini Smaghi. “E, mais tarde ou mais cedo, uma nova crise financeira”, conclui.
