Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

PIB com ligeira revisão em alta. Rendimento disponível tem aumento histórico, diz BdP

Projeções para a economia portuguesa revistas para este ano e o próximo, afastando-se ainda mais das previsões do Governo. Medidas do Orçamento do Estado para 2025 e PRR explicam novos números.

Bruno Colaço
  • ...

O Banco de Portugal reviu em ligeira alta as projeções para o crescimento da economia para este ano e o próximo, apontando agora para uma expansão da atividade 0,1 pontos percentuais acima das previsões divulgadas em outubro. Para este ano, o supervisor vê a economia a crescer 1,7% e em 2025 2,2%. Para o ano seguinte, o produto interno bruto (PIB) deverá crescer na mesma magnitude (2,2%), regressando em 2027 a valores inferiores a 2%.

A explicar esta revisão, a autoridade liderada por Mário Centeno aponta "a maior expansão orçamental, associada à inclusão de novas medidas fiscais e de aumento da despesa pública, assim como à recalendarização das despesas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)."

Para este ano, as previsões aproximam-se das do Governo (1,8%), ficando no próximo ano ligeiramente acima das projeções de Joaquim Miranda Sarmento (2,2%).

Mas vamos por partes. Para este ano, o BdP prevê uma aceleração do PIB no último trimestre do ano para um "crescimento em cadeia de 0,7%, após um crescimento de 0,2% no segundo e terceiro trimestres de 2024."

E se nos meses do verão, o avanço da atividade se ficou a dever à aceleração da procura interna – enquanto as exportações se reduziram –, a "aceleração projetada para o quarto trimestre deve-se ao maior dinamismo do consumo privado e à recuperação esperada das exportações, refletindo o aumento do rendimento disponível e o comportamento da procura externa."

Em termos de contributo para o PIB, em 2024, "o crescimento económico sustentou-se sobretudo no consumo, com um contributo (líquido de conteúdo importado) de 1 pp em 1,7%. O contributo do investimento deverá ser nulo em 2024, torna-se positivo em 2025–26 e volta a ser nulo em 2027, refletindo neste ano a queda da componente pública." Já o contributo das exportações de bens e serviços diminui em 2024 – após os valores elevados de 2023, ainda influenciados pela retoma pós-pandemia dos serviços – mas recupera gradualmente no horizonte, em linha com o comportamento esperado da procura externa", explica o Banco de Portugal (BdP).

Para a inflação, e após alguma volatilidade nos últimos meses, o BdP estima que no quarto trimestre, a variação de preços – medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) – "deverá situar-se em 2,7%, em parte refletindo efeitos de base nos preços dos bens energéticos, e manter-se em valores em torno de 2% ao longo de 2025." Nos dois restantes anos da projeção, aponta para que a taxa de inflação se mantenha dentro destes valores médios de 2%, ou seja, dentro da meta definida pelo Banco Central Europeu.

Rendimento disponível com aumento histórico

De acordo com as projeções do BdP, este ano, "o rendimento disponível real regista um aumento historicamente elevado, que se traduz numa aceleração do consumo privado e numa subida marcada da poupança".

As previsões do supervisor apontam para um aumento de 7,1% do rendimento disponível real (2,7% em 2023) o que "compara com um crescimento de 3% do consumo privado (2% em 2023). A aceleração do rendimento disponível é explicada pelo maior contributo das transferências recebidas pelas famílias (nomeadamente pensões) e dos rendimentos de empresas e propriedade (englobando a remuneração do trabalho independente, receitas líquidas de juros, dividendos, rendas, entre outros), bem como pelo contributo da redução dos impostos".

O alívio do IRS, lembra o BdP, beneficia, proporcionalmente, "mais as famílias de maior rendimento. A evidência sugere que as famílias de maior rendimento e nos escalões etários mais elevados apresentam maiores taxas de poupança."

Para o período entre 2025 e 2027, o BdP "projeta um crescimento do consumo privado mais em linha com o do rendimento disponível real, que desacelera refletindo um menor crescimento dos salários e do emprego."

(Notícia atualizada às 11:35)

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio