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Terrenos municipais cedidos ao Sporting de Braga avaliados em 2,5 milhões
Os mais de dez hectares doados ao clube para a construção da academia de futebol foram "viabilizados" antes do secretário de Estado do Desporto bater com a porta.
Os terrenos cedidos pela Câmara Municipal para a construção da academia de futebol do Sporting Clube de Braga estão avaliados em 2.534.204 euros, calculou ao Negócios o vereador do Urbanismo, Miguel Bandeira. O projecto está prestes a arrancar e representa um investimento total de quase 12 milhões de euros.
Localizadas no denominado Parque Norte da cidade, nas imediações do estádio municipal, as parcelas necessárias à execução do projecto "perfazem um total, em área, de 105.728 metros quadrados", o equivalente a 10,6 hectares, acrescentou o mesmo responsável do Executivo liderado pelo social-democrata Ricardo Rio.
A extensão até era inicialmente superior – próxima de 12 hectares – quando, em Setembro, a cedência foi aprovada pela maioria PSD/CDS-PP/PPM e pela CDU. Só que em Dezembro, na sequência de várias questões "de natureza puramente formal" colocadas pelo Tribunal de Contas, houve um "ligeiro ajuste" na dimensão, mantendo-se as cláusulas e contrapartidas.
"Havia uma parcela dos terrenos do Parque Norte que não era propriedade do município e que integrava o programa original do centro de formação. O Sporting de Braga procurou negociar directamente com o proprietário mas, face aos valores exorbitantes pedidos, o clube optou por redesenhar o projecto, diminuindo-se assim a área de implantação", explicou Ricardo Rio.
De acordo com o projecto divulgado pelo clube liderado por António Salvador, o projecto incluirá um mini-estádio para competições oficiais com 1.500 lugares, seis campos de treino, áreas de lazer e três edifícios, incluindo para a instalação do museu, loja e serviços administrativos do clube e da SAD.
A cedência de terrenos por parte da autarquia minhota teve luz verde num despacho de reconhecimento do "interesse público" do projecto assinado a 31 de Março pelo então secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Wengorovius Meneses, que a 12 de Abril bateu com a porta e saiu do Governo "em profundo desacordo" com o ministro da Educação.
Na prática, esse estatuto excepciona o emblema bracarense da limitação que consta da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, segundo a qual "os clubes desportivos participantes em competições desportivas de natureza profissional não podem beneficiar, nesse âmbito, de apoios ou comparticipações financeiras por parte do Estado, das regiões autónomas e das autarquias locais, sob qualquer forma".
Além dos terrenos, em Novembro a autarquia cedeu também ao clube o direito de superfície, por um prazo de 40 anos, do terreno onde está o "esqueleto" da piscina olímpica. Iniciada em 2005 pelo ex-autarca Mesquita Machado, a construção parou em 2008 por falta de verbas após terem sido ali investidos oito milhões de euros. Este complexo ao abandono, localizado também nas imediações do novo estádio, será convertido num pavilhão para as modalidades.