Notícia
O professor está mais perto de entregar a Taça ao Braga
O catedrático de Direito que já foi quase tudo na política chega ao cargo mais alto da Nação. Se o Braga ganhar a Taça de Portugal, Marcelo já pode entregá-la.
Marcelo Nuno Rebelo de Sousa conseguiu finalmente afastar o estigma do "quase" e vencer uma eleição relevante na sua vida. Tinha falhado a disputa do Governo em 1999 depois de uma zanga com Paulo Portas ter inviabilizado a Aliança Democrática, e perdeu a câmara de Lisboa para Jorge Sampaio em 1989. Aos 67 anos, o professor que todos os domingos entrou em casa dos portugueses durante anos a fio torna-se Presidente da República.
Será nessa condição que poderá cumprir um dos desejos que formulou quando visitou a Redacção Aberta do Negócios, em Dezembro do ano passado: entregar a Taça de Portugal ao clube de que é sócio desde jovem, o Sporting de Braga. "Confesso que me dava muito gozo se o Braga fosse à final, eu fosse o Presidente, e estivesse no Estádio Nacional para poder entregar a taça ao Braga. Era uma coisa verdadeiramente sensacional", afirmou. O professor cumpriu a sua parte, os "guerreiros do Minho" entram em campo no dia 4 de Fevereiro.
Marcelo Rebelo de Sousa, candidato à Presidência, esteve na Redacção Aberta do Negócios depois do Braga ter eliminado o Sporting na Taça de Portugal. Admitiu que não viu o jogo, mas acaba por expressar um deseja de que haja duas conjugações: o Braga vença a Taça e Marcelo, como Presidente, a entregue.
Mas quem é Marcelo Rebelo de Sousa? Filho de Baltazar Rebelo de Sousa, ex-governante de António Oliveira Salazar e de Marcello Caetano, e de Maria das Neves, uma das primeiras assistentes sociais do país, a política corre-lhe no sangue desde que nasceu, há 67 anos. Foi a 11 de Dezembro de 1948, e foi o próprio Marcello Caetano que conduziu a sua mãe até à maternidade do obstetra Costa Félix, em São Sebastião da Pedreira, Lisboa. É, pois, ao ex-Presidente do Conselho que o candidato à Presidência da República deve o nome. Marcello Caetano foi, aliás, padrinho de casamento dos pais de Marcelo Nuno, mas recusou ser seu padrinho de baptismo.
"Nós nascemos na política. Enquanto as outras crianças brincavam à batalha naval, nós ali por volta dos 10, 12 anos discutíamos a guerra da independência da Argélia, nos inícios dos anos 1960 discutíamos a guerra de África, os movimentos anti-racistas americanos, Martin Luther King, os Kennedy, lembro-me perfeitamente", descreve Pedro Rebelo de Sousa ao Negócios.
Marcelo cresceu numa "casa muito política", e numa "dialéctica muito interessante". O pai "era um homem do regime, depois foi crítico: afastou-se em 1960 de Salazar e colocou-se na corrente de Marcello Caetano, mas era de direita, convicto". Já a mãe "era muito próxima de um padre, Abel Varzim, que era mais virado à esquerda, e na nossa casa tivemos sempre essas duas sensibilidades e sempre nos pudemos pronunciar na maior liberdade", prossegue o irmão.
Os amigos descrevem Marcelo como uma pessoa brilhante, culta, que devora livros e dorme apenas o essencial, além de conseguir escrever dois textos diferentes ao mesmo tempo com as duas mãos.
Mas ficaram célebres os episódios de maldade e de traquinice. Depois de fundar o Expresso aos 24 anos, Marcelo haveria de provar à amiga Margarida Salema que tinha liberdade para fazer o que quisesse na secção "Gente" ao escrever num texto "o Balsemão é lelé da cucuca". Francisco Pinto Balsemão era o director do jornal e ficou irritadíssimo, mas não o despediu. Mais tarde, chamaria Marcelo para ser ministro dos Assuntos Parlamentares.
É também inesquecível a célebre "vichyssoise", uma mentira que tentou impingir a Paulo Portas, quando este era director do Independente.
Marcelo licenciou-se em Direito com a nota mais alta de sempre – 19 – e disse ao Negócios que foi o doutoramento que lhe permitiu ter a carreira que julgou ter. "Permitiu-me ser independente". Agora segue-se Belém.
Será nessa condição que poderá cumprir um dos desejos que formulou quando visitou a Redacção Aberta do Negócios, em Dezembro do ano passado: entregar a Taça de Portugal ao clube de que é sócio desde jovem, o Sporting de Braga. "Confesso que me dava muito gozo se o Braga fosse à final, eu fosse o Presidente, e estivesse no Estádio Nacional para poder entregar a taça ao Braga. Era uma coisa verdadeiramente sensacional", afirmou. O professor cumpriu a sua parte, os "guerreiros do Minho" entram em campo no dia 4 de Fevereiro.
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"Nós nascemos na política. Enquanto as outras crianças brincavam à batalha naval, nós ali por volta dos 10, 12 anos discutíamos a guerra da independência da Argélia, nos inícios dos anos 1960 discutíamos a guerra de África, os movimentos anti-racistas americanos, Martin Luther King, os Kennedy, lembro-me perfeitamente", descreve Pedro Rebelo de Sousa ao Negócios.
Marcelo cresceu numa "casa muito política", e numa "dialéctica muito interessante". O pai "era um homem do regime, depois foi crítico: afastou-se em 1960 de Salazar e colocou-se na corrente de Marcello Caetano, mas era de direita, convicto". Já a mãe "era muito próxima de um padre, Abel Varzim, que era mais virado à esquerda, e na nossa casa tivemos sempre essas duas sensibilidades e sempre nos pudemos pronunciar na maior liberdade", prossegue o irmão.
Os amigos descrevem Marcelo como uma pessoa brilhante, culta, que devora livros e dorme apenas o essencial, além de conseguir escrever dois textos diferentes ao mesmo tempo com as duas mãos.
Mas ficaram célebres os episódios de maldade e de traquinice. Depois de fundar o Expresso aos 24 anos, Marcelo haveria de provar à amiga Margarida Salema que tinha liberdade para fazer o que quisesse na secção "Gente" ao escrever num texto "o Balsemão é lelé da cucuca". Francisco Pinto Balsemão era o director do jornal e ficou irritadíssimo, mas não o despediu. Mais tarde, chamaria Marcelo para ser ministro dos Assuntos Parlamentares.
É também inesquecível a célebre "vichyssoise", uma mentira que tentou impingir a Paulo Portas, quando este era director do Independente.
Marcelo licenciou-se em Direito com a nota mais alta de sempre – 19 – e disse ao Negócios que foi o doutoramento que lhe permitiu ter a carreira que julgou ter. "Permitiu-me ser independente". Agora segue-se Belém.
Durante bastante tempo, o Marcelo foi uma boa fonte. (...) E vai dando, vai distribuindo, é uma espécie de ‘jackpot’ noticioso. PAULO PORTAS Então director do Independente, em 1993