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Marcelo: "A minha função é garantir todas as condições para que o Governo possa continuar"

"Se nós, de repente, passamos a ter governos de seis meses, um ano, isso é fatal", avisou o candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa na Redacção Aberta do Negócios.

Celso Filipe cfilipe@negocios.pt 23 de Dezembro de 2015 às 09:00
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Marcelo Rebelo de Sousa considera que a prioridade para o país é "recuperar a governabilidade" e avisa: "se nós, de repente, passamos a ter governos de seis meses, um ano, isso é fatal". Na Redacção Aberta do Negócios, o candidato presidencial apoiado pelo PSD e CDS recusa que este seja um posicionamento táctico para atrair o eleitorado da esquerda e do centro e assim garantir a sua eleição.

"Eu sei que o país está muito dividido e que cada um dos dois partidos acha que é ele que deveria governar, que o outro não devia governar e que isso tem um tom emotivo muito grande, mas a minha função é introduzir razão onde há emoção e é garantir todas as condições para que a solução governativa existente possa continuar", garante Marcelo Rebelo de Sousa.

Para reforçar o seu argumento, o candidato evoca um dito usado por António Barbosa de Melo, professor de Direito de Coimbra e antigo presidente do Parlamento: "Dança quem está na roda". Ou seja, "o Presidente da República entra com um Governo, não tem que ter estados de alma em relação a ele. É aquele Governo que deve governar Portugal e o Presidente tem de ir acompanhando a sua actividade para que possa garantir o máximo de sucesso".

Esta estabilidade é fulcral, no entender de Marcelo, em face do grande desafio que se coloca à economia portuguesa: "Ou nós invertemos o ciclo de empobrecimento que tem sido o dos últimos 11 anos, em que não crescemos ou crescemos endemicamente, ou então vamos ter tensões sociais e radicalização política."

Para evitar este cenário, o candidato defende a necessidade de consensos  e lembra os acordos feitos entre ele, enquanto líder do PSD, e António Guterres, como primeiro-ministro. "Concordávamos na política externa, de defesa, na política europeia, na financeira, na educativa e na da Segurança Social. E apesar de ter o meu partido aos berros, eu achava que era importante para o país. Tem de se recuperar isso".

Conheço bem António Costa e Paulo Portas, conheço razoavelmente bem Jerónimo de Sousa dos tempos da Constituinte. Não conheço de facto Catarina Martins.
CV
Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa nasceu em Lisboa a 12 de Dezembro de 1948. Professor catedrático na Faculdade de Direito de Lisboa e conselheiro de Estado, foi presidente do PSD entre 1996 e 1999. Militante do PSD desde Maio de 1974, integrou em 1981 o Governo liderado por Francisco Pinto Balsemão, como secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, tendo no ano seguinte assumido a pasta de ministro dos Assuntos Parlamentares. Foi também jornalista, tendo dirigido os jornais Expresso (1980-1983) e Semanário (1983-1987). Ganhou notoriedade no comentário político na rádio, protagonizando o programa Exame, na TSF, entre 1993 e 1996. Uma fórmula que repetiu, depois, na televisão, na TVI (entre 2000 e 2004 e 2010 e 2015) e na RTP (entre 2005 e 2010).

"A pessoa não deixa de ser quem é: optimista, alegre, jovial, bem-disposta"

Marcelo Rebelo de Sousa, caso seja eleito, quer se um Presidente próximo dos portugueses. "A realidade mais próxima do que estou a pensar são as presidências abertas de Mário Soares, mas o tempo é diferente. Tem quer ser mais permanente, constante. Todas as semanas o Presidente tem de estar em contacto com a realidade da sociedade que está a mexer e está com problemas" .

E como será essa intervenção? Vai falar com os portugueses pela televisão, ao domingo? "Tenho a vaga sensação de que isso seria considerado contrapoder. Tem que se encontrar uma fórmula que não seja perturbadora, uma fórmula adjuvante. No momento em que morre o comentador e começa o Presidente é outro tipo completamente diferente de intervenção.

Passo a fazer análises para mim mesmo. Tenho de recolher o máximo de informação, mas só uma parte dela é que vai ser partilhada em trocas de impressões com outros protagonistas políticos. É evidente que há uma responsabilidade acrescida, mas a pessoa não deixa de ser quem é: optimista, alegre, jovial, bem-disposta", argumenta Marcelo.

E até tem uma referência. "Houve pelo menos um Presidente que conseguiu sê-lo mantendo uma jovialidade e uma intensidade emotiva muito grande. Na Primeira República, o Presidente mais duradouro, o António José de Almeida, era um extrovertido, e isso foi uma das bases do seu sucesso nas visitas internacionais e no protagonismo interno. Portanto, não é uma impossibilidade, mas é um desafio importante", sublinha. n


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