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Marcelo Rebelo de Sousa é amigo de Ricardo Salgado, mas afasta a ideia de alguma vez ter sido contemporizador em relação ao banqueiro caído em desgraça. "No processo da crise do BES lembro-me que, sistematicamente, a minha posição foi a de ser simpático demais para com o governador do Banco de Portugal", por defender as posições que Carlos Costa tomava "numa circunstância muito difícil e nova no sistema financeiro português".
A favor do seu distanciamento face a Ricardo Salgado, o candidato presidencial recorda outros dois episódios. Em 1998, quando era líder do PSD, num discurso feito no congresso de Tavira, denunciou o alegado favorecimento do Governo de António Guterres a grupos económicos como o BES, a Sonae e a Grão-Pará. "Há lá um comentário, salvo erro de José Manuel Fernandes, que diz: este homem é pior que o PC, está um revolucionário nas expressões que utiliza em relação às ligações entre grupos económicos e o poder político."
As críticas ao BES repetiram-se em 2010, quando a PT vendeu 50% da brasileira Vivo à Telefónica e entrou na Oi. "Pode ter sido um disparate provocado pela situação que existia, mas foi um disparate. A Oi não era uma solução alternativa e praticamente ninguém disse isso. Fui muito pouco contemporizador quando ninguém abria a boca", recorda o candidato presidencial.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa estes casos ilustram aquilo que foi sempre o seu pensamento. "Sempre tive essa ideia de que se podia ser amigo de empresários, mas que nunca se podia depender de empresários. Por uma razão muito simples: podem ser os maiores amigos do mundo, mas se tiverem uma posição de supremacia utilizam-na. Isso aplica-se em relação ao poder económico e ao político. Foi uma das razões porque eu nunca aceitei cargos sociais. Fui convidado para a administração e lugares de gestão de bancos e seguradoras e nunca aceitei precisamente porque ia afectar a minha independência".
"É mil vezes preferível a subvenção pública"
O financiamento das campanhas eleitorais é um tema recorrente em Portugal. A este propósito, Marcelo Rebelo de Sousa, diz que mantém a mesma posição de sempre. "Fui sempre contra o financiamento privado das campanhas. Quando fui líder do PSD defendi-o, mas não tive grande sucesso, porque toda a gente era contra. Devia haver só subvenção pública, porque é a única maneira de garantir o máximo de igualdade entre candidaturas".
Passada mais de uma década, o candidato reitera este ponto de vista. "É sempre urgente neste sentido: a minha experiência mostra que é mil vezes preferível haver subvenção pública, com critérios de transparência total, a haver qualquer tipo de abertura a financiamento privado". Até porque, acrescenta, "é a única maneira de garantir o máximo de igualdade entre candidaturas". "Se há financiamento privado das duas uma: a pessoa tem muitos apoios financeiros e então pode ir até ao limite da lei e os que têm menos apoios ficam muito longe do limite da lei, que aliás tem vindo a baixar e a ser cada vez mais restritivo".
É neste contexto que Marcelo Rebelo de Sousa considera que esta questão do financiamento "é um problema da nossa economia e da nossa sociedade". "Da nossa economia, porque é um travão ao desenvolvimento. Da nossa sociedade em termos políticos de cultura cívica, porque a credibilidade das instituições passa por haver a noção de que há uma investigação cabal, rigorosa, com total transparência, no que respeita à vida financeira dos políticos, ao funcionamento das instituições políticas, à utilização dos fundos públicos".
A favor do seu distanciamento face a Ricardo Salgado, o candidato presidencial recorda outros dois episódios. Em 1998, quando era líder do PSD, num discurso feito no congresso de Tavira, denunciou o alegado favorecimento do Governo de António Guterres a grupos económicos como o BES, a Sonae e a Grão-Pará. "Há lá um comentário, salvo erro de José Manuel Fernandes, que diz: este homem é pior que o PC, está um revolucionário nas expressões que utiliza em relação às ligações entre grupos económicos e o poder político."
As críticas ao BES repetiram-se em 2010, quando a PT vendeu 50% da brasileira Vivo à Telefónica e entrou na Oi. "Pode ter sido um disparate provocado pela situação que existia, mas foi um disparate. A Oi não era uma solução alternativa e praticamente ninguém disse isso. Fui muito pouco contemporizador quando ninguém abria a boca", recorda o candidato presidencial.
Acho que um dos problemas dos políticos é eles falarem e ninguém perceber o que eles dizem.
Marcelo Rebelo de Sousa
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa estes casos ilustram aquilo que foi sempre o seu pensamento. "Sempre tive essa ideia de que se podia ser amigo de empresários, mas que nunca se podia depender de empresários. Por uma razão muito simples: podem ser os maiores amigos do mundo, mas se tiverem uma posição de supremacia utilizam-na. Isso aplica-se em relação ao poder económico e ao político. Foi uma das razões porque eu nunca aceitei cargos sociais. Fui convidado para a administração e lugares de gestão de bancos e seguradoras e nunca aceitei precisamente porque ia afectar a minha independência".
"É mil vezes preferível a subvenção pública"
O financiamento das campanhas eleitorais é um tema recorrente em Portugal. A este propósito, Marcelo Rebelo de Sousa, diz que mantém a mesma posição de sempre. "Fui sempre contra o financiamento privado das campanhas. Quando fui líder do PSD defendi-o, mas não tive grande sucesso, porque toda a gente era contra. Devia haver só subvenção pública, porque é a única maneira de garantir o máximo de igualdade entre candidaturas".
Passada mais de uma década, o candidato reitera este ponto de vista. "É sempre urgente neste sentido: a minha experiência mostra que é mil vezes preferível haver subvenção pública, com critérios de transparência total, a haver qualquer tipo de abertura a financiamento privado". Até porque, acrescenta, "é a única maneira de garantir o máximo de igualdade entre candidaturas". "Se há financiamento privado das duas uma: a pessoa tem muitos apoios financeiros e então pode ir até ao limite da lei e os que têm menos apoios ficam muito longe do limite da lei, que aliás tem vindo a baixar e a ser cada vez mais restritivo".
Acho que é tempo de renovar os comentadores políticos em Portugal. Mariana Mortágua, do pouco que vi, é uma óptima comentadora política.
Marcelo Rebelo de Sousa
É neste contexto que Marcelo Rebelo de Sousa considera que esta questão do financiamento "é um problema da nossa economia e da nossa sociedade". "Da nossa economia, porque é um travão ao desenvolvimento. Da nossa sociedade em termos políticos de cultura cívica, porque a credibilidade das instituições passa por haver a noção de que há uma investigação cabal, rigorosa, com total transparência, no que respeita à vida financeira dos políticos, ao funcionamento das instituições políticas, à utilização dos fundos públicos".