Notícia
Nações insulares compram terra em outros países devido à subida do nível do mar
A espinha dorsal de muitas economias insulares é constituída pelo turismo e pelas pescas. Contudo, a pandemia abalou fortemente esses setores.
26 de Junho de 2022 às 10:31
Nações insulares estão a usar os seus recursos financeiros limitados para comprar terras em países vizinhos, preparando-se para que os seus territórios sejam cobertos pelos mares, disse à Lusa Heidi Schroderus-Fox, representante da ONU.
De acordo com a diplomata da Finlândia, nações insulares estão altamente frustradas com o lento progresso que está a ser feito na ação climática, porque, para muitas nações com atóis particularmente baixos, "esta é uma questão de sobrevivência".
Heidi Schroderus-Fox, alta representante interina da ONU para os países menos desenvolvidos, países em desenvolvimento sem litoral e pequenos estados insulares em sesenvolvimento (SIDS), adiantou, em entrevista à Lusa, que neste momento há ilhéus no Pacífico cujas populações estão a mudar de casa devido ao aumento do nível do mar.
"E há nações insulares usando os seus recursos financeiros limitados para comprar terras em países vizinhos, preparando-se para que as suas terras natais sejam perdidas no mar. Esse é o caso da nação insular de Kiribati, que compra terras em Fiji no caso de precisar realocar os seus cidadãos devido ao afundamento das ilhas", relatou.
"Essa é a realidade. Está a acontecer agora. As casas das pessoas estão a ser sacrificadas ao mar porque a ação climática global não está a mover-se com a rapidez e ousadia suficientes para evitar uma catástrofe climática", frisou, lamentando que as gerações futuras de ilhéus tenham de ver as suas terras a desaparecer e perguntar porque é que "nada foi feito quando a ciência estava clara e havia tempo para agir".
Heidi avaliou que as escolhas individuais de cada um de nós tem um impacto significativo na vida das pessoas do outro lado do planeta, dando como exemplo a questão da poluição plástica, que tem um enorme impacto nos SIDS.
Para a diplomata, não devemos subestimar nossa própria influência individual na mudança, especialmente porque vivemos num mundo muito interconectado.
"Os SIDS podem ser a última coisa na mente de alguém quando atiram uma garrafa de plástico para uma lixeira, mas essa garrafa de plástico pode acabar no oceano. O plástico marinho é, infelizmente, um grande problema global, e essa garrafa de plástico poderia chegar ao uma nação insular distante onde eles teriam que lidar com a limpeza", indicou.
Em entrevista à Lusa a propósito da Conferência dos Oceanos, que decorrerá em Lisboa entre 27 de junho e 01 de julho, coorganizada por Portugal e pelo Quénia, a alta representante interina da ONU vê o evento como um catalisador para uma nova geração de parcerias oceânicas em prol das pequenas nações insulares, mas também um impulso na recuperação dos setores oceânicos que foram afetados pela pandemia de covid-19.
Através das suas zonas económicas exclusivas, os SIDS controlam cerca de 30% de todos os oceanos e mares e, por isso, a diplomata acredita que investir numa economia oceânica claramente faz sentido do ponto de vista económico.
"Há um argumento claro a ser feito para apoiar os SIDS na promoção de parcerias relacionadas ao oceano. As projeções sugerem que a economia oceânica pode chegar a mais de três biliões de dólares (2,95 biliões de euros) até ao final da década", argumentou.
A espinha dorsal de muitas economias insulares é constituída pelo turismo e pelas pescas. Contudo, a pandemia abalou fortemente esses setores.
Apenas nos primeiros quatro meses de 2020, as viagens internacionais turísticas com destino aos SIDS caíram 47%, de acordo com a Organização Mundial de Turismo da ONU.
De acordo com a diplomata da Finlândia, nações insulares estão altamente frustradas com o lento progresso que está a ser feito na ação climática, porque, para muitas nações com atóis particularmente baixos, "esta é uma questão de sobrevivência".
"E há nações insulares usando os seus recursos financeiros limitados para comprar terras em países vizinhos, preparando-se para que as suas terras natais sejam perdidas no mar. Esse é o caso da nação insular de Kiribati, que compra terras em Fiji no caso de precisar realocar os seus cidadãos devido ao afundamento das ilhas", relatou.
"Essa é a realidade. Está a acontecer agora. As casas das pessoas estão a ser sacrificadas ao mar porque a ação climática global não está a mover-se com a rapidez e ousadia suficientes para evitar uma catástrofe climática", frisou, lamentando que as gerações futuras de ilhéus tenham de ver as suas terras a desaparecer e perguntar porque é que "nada foi feito quando a ciência estava clara e havia tempo para agir".
Heidi avaliou que as escolhas individuais de cada um de nós tem um impacto significativo na vida das pessoas do outro lado do planeta, dando como exemplo a questão da poluição plástica, que tem um enorme impacto nos SIDS.
Para a diplomata, não devemos subestimar nossa própria influência individual na mudança, especialmente porque vivemos num mundo muito interconectado.
"Os SIDS podem ser a última coisa na mente de alguém quando atiram uma garrafa de plástico para uma lixeira, mas essa garrafa de plástico pode acabar no oceano. O plástico marinho é, infelizmente, um grande problema global, e essa garrafa de plástico poderia chegar ao uma nação insular distante onde eles teriam que lidar com a limpeza", indicou.
Em entrevista à Lusa a propósito da Conferência dos Oceanos, que decorrerá em Lisboa entre 27 de junho e 01 de julho, coorganizada por Portugal e pelo Quénia, a alta representante interina da ONU vê o evento como um catalisador para uma nova geração de parcerias oceânicas em prol das pequenas nações insulares, mas também um impulso na recuperação dos setores oceânicos que foram afetados pela pandemia de covid-19.
Através das suas zonas económicas exclusivas, os SIDS controlam cerca de 30% de todos os oceanos e mares e, por isso, a diplomata acredita que investir numa economia oceânica claramente faz sentido do ponto de vista económico.
"Há um argumento claro a ser feito para apoiar os SIDS na promoção de parcerias relacionadas ao oceano. As projeções sugerem que a economia oceânica pode chegar a mais de três biliões de dólares (2,95 biliões de euros) até ao final da década", argumentou.
A espinha dorsal de muitas economias insulares é constituída pelo turismo e pelas pescas. Contudo, a pandemia abalou fortemente esses setores.
Apenas nos primeiros quatro meses de 2020, as viagens internacionais turísticas com destino aos SIDS caíram 47%, de acordo com a Organização Mundial de Turismo da ONU.