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Incêndios são maior preocupação ambiental dos portugueses
Os incêndios florestais são a maior preocupação ambiental para quase metade dos portugueses, seguindo-se o excesso de lixo e a poluição do mar, conclui um inquérito sobre sustentabilidade divulgado esta terça-feira.
A degradação ambiental, onde se incluem os incêndios florestais, "continua a ser uma coisa que preocupa as pessoas e elas gostariam de ver políticas públicas para melhorar as diferentes poluições que enumeram", disse hoje à agência Lusa a coordenadora do "Primeiro Grande Inquérito Sustentabilidade em Portugal", realizado pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa.
São 45,8% os inquiridos, de um total de 1.500, que apontam como preocupação ambiental prioritária a questão dos incêndios florestais e Luísa Schmidt admite que, se o inquérito, realizado entre Abril e Maio, tivesse lugar agora, esta percentagem seria superior, atendendo à forte mediatização dos grandes fogos das últimas semanas.
O excesso de lixo é uma grande preocupação para 34% dos portugueses e a poluição do mar foi escolhida por 30%, seguindo-se a escassez de água (30%) e a poluição dos rios (27%).
As preocupações com as alterações climáticas e o despovoamento do interior têm 26% cada e a poluição do ar 25%, enquanto a perda de biodiversidade é referida por 23% e a destruição da paisagem por 20%.
Os alimentos geneticamente modificados são menos apontados pelos inquiridos, com 16%, tal como o crescimento desorganizado dos subúrbios das cidades.
"O ambiente aparece muito para as pessoas que têm filhos pequenos, com idades entre os 24 e 44 anos, que estão muito mais ligadas às questões ambientais e muito mais sensíveis à sustentabilidade no sentido do futuro - não consumir demais, consumir bem", salientou a investigadora do ICS.
À questão da familiaridade com o termo 'sustentabilidade', os inquiridos responderam que já tinham ouvido falar (73%), principalmente aqueles que vivem nas zonas urbanas e têm maior escolaridade, principalmente através dos media (80%).
Associam o termo mais ao ambiente e à economia (35% para cada) e defendem que a sustentabilidade é conseguida com consumo responsável (48%), conservação da natureza (43%), redução do desperdício (29%), redução da pobreza (23%) ou eficiência energética (21%).
Uma maior transparência política é apontada por 8% dos inquiridos, a participação dos cidadãos nas decisões das empresas é relevante para 6% e nas decisões do governo para 1,5%.
Em termos de políticas públicas, Luísa Schmidt salientou ser "muito importante a questão do estado social, dos serviços sociais públicos básicos, como o acesso a educação, saúde", e acrescentou que a perda das conquistas do estado social preocupa as pessoas. "Sentir que houve uma certa fragilização desses sectores acaba por ser negativo porque é um valor muito prezado", alertou.
Para 60% dos inquiridos, a saúde é a área em que as empresas devem realizar ações de responsabilidade social, seguindo-se a educação, com quase metade daquela percentagem, sendo a oncologia que deve liderar os apoios dados por aquelas entidades.
O inquérito presencial foi realizado de 7 de Abril a 7 de Maio, a 1.500 residentes em Portugal, com mais de 18 anos, numa amostragem aleatória atendendo a região, género, idade e escolaridade, com um intervalo de confiança de 95%, e foi promovido pela Missão Continente.